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Dragon’s Dogma 2 é um RPG simplesmente colossal – Review

Trazendo uma experiência ampla e cheia de recursos, o jogo da Capcom pode não ser para qualquer um, mas entrega um gameplay sem igual

A franquia Dragon’s Dogma nasceu lá na época do Xbox 360, mas acabou ficando dormente por anos. Agora, como um dragão raivoso, Dragon’s Dogma 2 chegou ao PC e consoles trazendo uma experiência colossal.

Produzido pela Capcom na RE Engine, o jogo traz gráficos elaborados, mecânicas vastas de RPG e um sistema de personalização repleto de possibilidades. No entanto, o game tem tanta coisa que pode até ser um pouco demais para certos jogadores.

Nós passamos as últimas semanas jogando Dragon’s Dogma 2 no Xbox Series X, cortesia de uma cópia fornecida pela Capcom. A seguir, confira nossa opinião sobre o game na review completa!

Personalização de ponta

Um dos maiores diferenciais de Dragon’s Dogma 2 começa antes mesmo do gameplay. O jogo tem um sistema robusto e caprichado de personalização de personagens incrivelmente detalhada. Como é possível ver em vários memes na internet, o sistema é tão completo que é possível recriar personalidades reais minuciosamente dentro do RPG.

A ferramenta é tão completa que a Capcom até mesmo liberou o criador de personagens de graça no PC e consoles PS5, Xbox Series S e X antes mesmo do lançamento. Assim, os jogadores podem aproveitar para montar seu avatar antes mesmo de comprar o game.

É importante ressaltar, no entanto, que o sistema é tão aprofundado que pode gerar alguns momentos peculiares. A minha personagem do game, por exemplo, corre de forma desajeitada devido aos ajustes nos ângulos dos joelhos que eu fiz, algo que eu não imaginava que faria tanta diferença.

Amigos “virtuais” durante a jornada

Quando o assunto é jogabilidade, o principal destaque desse RPG são os peões. Eles basicamente são seguidores que você possui durante o gameplay: enquanto um deles é criado pelo jogador, os outros podem ser “alugados” em um sistema compartilhado.

A presença dos peões é o que mais torna Dragon’s Dogma 2 um RPG único perante ao competitivo mercado do gênero. Os personagens deixam o gameplay mais interessante e dão a sensação de que você está em uma sessão multiplayer, mesmo com todo o jogo sendo focado na campanha solo.

Montar um time com especialistas diferentes e enviar ordens estratégicas durante o combate é uma experiência gratificante. Como arqueira, pude aproveitar essa mecânica, delegando tarefas enquanto me concentrava em melhorar minhas habilidades de tiro com arco. Os peões também são muito úteis durante a navegação no mapa e na hora de direcionar o jogador pela história, o que é uma mão na roda para usuários menos experientes.

Os peões são seus melhores amigos durante toda a jornada de Dragon’s Dogma 2.

No entanto, assim como na questão da personalização, o sistema pode render confusão para jogadores mais casuais. Enquanto o peão principal evolui com o jogador, os outros devem ser constantemente substituídos, já que são apenas “emprestados” e não sobem de nível.

No entanto, uma das áreas que apresentou desafios foi entender como aprimorar habilidades. Ao contrário de sistemas mais simples, Dragon’s Dogma 2 exige que os jogadores adquiram habilidades usando uma contagem de pontos separada, o que pode ser confuso no início. A necessidade de visitar um local específico na cidade para fazer essas compras pode parecer um obstáculo desnecessário.

Viajando em um mundo mágico

Dragon’s Dogma 2 também é um RPG com letras maiúsculas. O jogo traz uma história cheia de fantasia e bastante imersiva em um mundo mágico, que pode ser explorado de maneira bastante divertida.

O jogo se destaca pela reatividade e aproveitamento do ambiente durante toda a experiência de exploração. Se você destruir uma ponta sem querer, por exemplo, precisará descobrir novas formas de atravessar uma área e seguir o seu caminho — felizmente, seus peões podem te dar uma força com isso.

A personalidade e o “jeito” dos peões, inclusive, também afeta a forma de explorar o ambiente e engajar nos combates. Se um personagem tem mais iniciativa, ele vai te ajudar na hora de encontrar os caminhos, o que pode facilitar a vida de quem é iniciante em RPGs ou está com pressa para cumprir objetivos.

O RPG traz um mundo vasto para ser explorado.

Essa “iniciativa” também acaba sendo útil por causa dos problemas de navegação que o jogador pode enfrentar. Existem algumas discrepâncias entre a bússola e o mapa que podem gerar confusão — com o tamanho colossal do game, jogadores desatentos podem acabar se perdendo.

Falando em se perder, o jogo também peca em alguns menus. Dragon’s Dogma 2 tem artes lindíssimas em suas interfaces, mas algumas partes dos menus possuem tantas informações que podem acabar dando trabalho para acessar algumas informações essenciais para melhorar personagens.

Mecânicas aprofundadas e divertidas

Quanto o assunto é narrativa, Dragon’s Dogma 2 é um dos jogos mais competentes da atualidade ao transportar o jogador para um mundo de fantasia, com monstros e dragões. O jogador acaba assumindo o papel de Nascen, um escolhido que possui uma grande ligação com um dragão.

Enquanto esse “pano de fundo” é bastante fantasioso, é interessante ressaltar como o jogo possui alguns pontos mais “realistas” em sua construção de gameplay. Uma das principais mecânicas, por exemplo, é o ato de dormir: você precisa descansar para o personagem voltar aos status normais, algo que nem sempre acontece em grandes RPGs de fantasia.

Dormir e cozinhar são experiências que fazem parte de Dragon’s Dogma 2.

Com isso, gerenciar recursos, como o dinheiro gasto em hospedagem e itens, torna-se crucial para a sobrevivência, adicionando uma camada de desafio extra para a gestão de equipe. Em alguns casos, você até precisa pesar o risco de algumas incursões, já que pode estar longe de uma hospedagem e acabar morrendo ao enfrentar inimigos com pouca vida e recursos.

Assim como outros grandes RPGs, no entanto, o jogo também sofre com a questão de inventário. Você pode coletar tanta coisa que eventualmente seu espaço na mochila acaba, o que é meio chato. Para quem joga no PC, sempre existe a opção de usar mods para contornar isso, mas a galera dos consoles terá que investir um tempinho no gerenciamento de itens.

Vale a pena jogar Dragon’s Dogma 2?

O novo RPG da Capcom leva os jogadores em para mundo vasto e detalhado, onde a exploração é recompensada e os desafios estão sempre presentes. Para quem está em busca de um game que consome vidas de tanta coisa para fazer, Dragon’s Dogma 2 é uma ótima pedida e vale cada centavo.

A experiência com o jogo pode ser definida em duas palavras: liberdade e profundidade. Trazendo um mundo vasto e sistemas divertidos, como os peões, o game permite que você entre nesse mundo mágico com um personagem altamente personalizável e escolha seu caminho para enfrentar desafios de grande porte.

Em seu lançamento, o jogo se envolveu em polêmicas por causa de desempenho e microtransações, mas esses problemas acabaram nem afetando a minha jornada no RPG. É importante ressaltar, no entanto, que Dragon’s Dogma 2 claramente não é um game para qualquer um.

A complexidade de algumas mecânicas do game, além do excesso de informação em algumas partes do jogo, tornam a experiência sobrecarregada para quem busca uma experiência mais simples. Com isso em mente, a dica é ir além da nossa review e também conferir alguns gameplays de Dragon’s Dogma 2, para ver se o game não é muita areia para o seu caminhãozinho.

Caso você curta RPGs abrangentes e recheados de conteúdo, vale a pena comprar ou deixar Dragon’s Dogma 2 em sua lista de desejos. Afinal, a aventura como Nascen é uma das experiências mais densas e divertidas de 2024 até agora.

Dragon’s Dogma 2 pode ser jogado no PC, PS5 e Xbox Series S e X.

Por Bianca Schinaider

50% gamer, 50% artista. Fã de The Sims, Diablo, Stardew Valley e tudo que der pra montar um personagem bonitinho.