O Xbox Series X chegou ao mercado oficialmente em 10 de novembro e já passamos um bom tempo com o console aqui no Jornal dos Jogos. Além da análise já disponível neste link, produzimos diversos conteúdos de apoio sobre os games e as funcionalidades do dispositivo, que tem preço na casa dos R$ 4.599.
Agora, cerca de um mês desde o Xbox Series X, o objetivo é contar como anda a experiência com o console após certo tempo de uso. Além disso, vamos apontar o que melhorou (ou não) desde a janela de lançamento do produto, que não é o único dispositivo de nova geração da Microsoft: a empresa também possui o Xbox Series S, que é focado em custo-benefício.
Hardware silencioso
Desde seu lançamento, o Xbox Series X impressiona com o hardware potente e silencioso. Após um mês de uso, o console continua quietinho e chegou a me fazer perceber barulhos que eu não dava muita atenção anteriormente. A ventoinha do dispositivo é tão sutil que faz meu computador parecer um monomotor.
Mesmo em altas cargas de trabalho, o barulho do console é tão sutil que você ouve o HD externo maquinando arquivos ao invés do sistema de resfriamento do Xbox Series X. É necessário se aproximar do console para conseguir ouvir algum ruído.
A parte exterior do console também brilha no meu setup com seu design que não é chamativo e parece um PCzinho, mas comecei a sentir falta de uma porta USB extra na frente. O console possui apenas uma entrada dianteira e duas na traseira, o que acaba limitando o uso de periféricos e acessórios, como mouse e teclado ou microfones e headsets com conexão USB.
Retrocompatibilidade e 120 fps
Desde seu lançamento, o Xbox Series X também cresceu na parte dos games. O console ainda não possui exclusivos de peso e The Medium foi adiado para janeiro de 2021, o que foi uma perda imensa. Por outro lado, a Microsoft está caprichando no suporte para retrocompatibilidade.
Algumas tecnologias que viraram padrão na nova geração já estavam presentes no Xbox One, como o suporte para taxa de quadros variável e os 120 quadros por segundo. Apesar de as funções não terem sido aproveitadas anteriormente, a base serviu para facilitar a implementação das novidades no Xbox Series X e S.
De acordo com desenvolvedores, os consoles da Microsoft garantem mais facilidade no port de jogos das gerações anteriores. Por causa disso, títulos como Call of Duty Warzone e Rocket League só rodam em 120 quadros por segundo no Xbox Series X e S.
O hardware mais robusto da nova geração também garante mais estabilidade na hora de rodar jogos mais antigos. Os 30 quadros por segundo ainda são obrigatórios em certos títulos, como é o caso de Watch Dogs: Legion, mas algumas desenvolvedoras estão padronizando a opção de escolher entre 60 quadros por segundo ou gráficos mais rebuscados.
Um bom exemplo disso é Yakuza: Like a Dragon, que ganhou minhas últimas semanas. O game conta com um modo focado em visuais mais rebuscados, mas a fluidez dos 60 quadros compensa rodar o título em resoluções abaixo do 4K.
Cyberpunk 2077 chegou cheio de problemas no PS4 e Xbox One e não possui uma versão focada na nova geração. Porém, o Xbox Series X roda o jogo de maneira estável e traz modos de performance e desempenho, que permitem escolher entre taxas de quadros mais altas e um visual mais definido.
Xbox Game Pass: a cereja do bolo
Desde a chegada do Xbox Series X e S, o Game Pass também deu uma bela evoluída e mostrou seu poder para segurar o console nesse período sem grandes lançamentos. Além da integração com o EA Play, o serviço recebeu títulos de peso recentemente.
A versão de console do game foi agraciada com Control e, um dos games mais premiados do ano passado, e também Skyrim. Recentemente, o serviço também recebeu os indies Haven e Call of the Sea, que foram lançados direto no catálogo, e Dragon Quest XI S: Echoes of an Elusive Age.
Outro ponto interessante é que alguns desses títulos também chegaram ao PC. Como sou um jogador multiplataforma, vez ou outra acabo baixando títulos no console e Xbox, e ter o progresso compartilhado é bem maneiro.
Além disso, a Microsoft começou a testar o xCloud no Brasil e a integração entre save na nuvem e Series X funciona bem, mostrando o potencial da plataforma por aqui. Começar a jogar no Xbox ou PC e poder continuar o progresso no celular, de qualquer lugar, é uma experiência bem interessante.
Armazenamento e Quick Resume
Na parte de armazenamento, o Xbox Series X também não deixa a desejar. Consegui salvar mais de 20 jogos no SSD de 1 TB do game desde seu lançamento e não senti falta de mais espaço. Para facilitar os testes no Xbox One, também adotei um HD externo para transportar os jogos entre os sistemas, o que me surpreendeu.
Assim como os jogos salvos no SSD, os games do HD externo também se aproveitam do melhor recurso do Xbox Series X e S: o Quick Resume. A funcionalidade permite que o jogador intercale o gameplay entre diferentes games e volte rapidamente para o jogo. Enquanto rolam algumas falhas de vez em quando, é sempre bom quando o recurso faz o seu trabalho e agiliza a entrada no gameplay.
No pior dos cenários, o jogador precisa passar rapidamente pelo boot do jogo ou lidar com alguns bugs. Recentemente joguei Call of The Sea no Xbox Series X e o áudio sumia sempre que o jogo abria com o Quick Resume, o que me obrigava a encerrar o app e reiniciá-lo sem a função.
Em outros casos, porém, o uso da função é quase milagroso. Deixei o Xbox Series X desligado por dois dias e abri Need For Speed Heat direto do HD externo. Mesmo assim, o tempo de resposta proporcionado pelo Quick Resume foi tão alto que cheguei a bater o carro quando voltei diretamente ao gameplay.
Gravação precisa melhorar
A interface do Xbox Series X é bem parecida com a UI do Xbox One e cumpre o seu papel com um visual organizado. O problema, porém, é que algumas funções ainda precisam de otimizações para entregar uma experiência de qualidade.
Uma das minhas maiores decepções com o Xbox Series X é o sistema de captura de vídeos de gameplay, que falhou algumas vezes durante o uso. Quando gravo clipes utilizar fones, por exemplo, o sistema não captura o áudio e deixa o vídeo mudo.
As screenshots funcionam perfeitamente,
mas a gravação de clipes precisa melhorar
A pior parte é quando a gravação fica com partes “congeladas” ao ser capturada em resolução 4K. O problema praticamente inviabiliza o uso do conteúdo quando ocorre múltiplas vezes em um mesmo arquivo, já que os clipes na resolução podem ser capturados no SSD com no máximo um minuto de duração. Além disso, o compartilhamento dos vídeos para redes sociais não funciona direito e, desde o lançamento, não consegui enviar um clipe diretamente do console para o Twitter.
A experiência com os vídeos é totalmente diferente do sistema de capturas de tela, que funcionam perfeitamente e deveria ser exemplo de facilidade de uso. As screenshots em 4K podem ser salvas automaticamente na Xbox Live, o que permite baixar a captura no celular ou computador, além de compartilhar de maneira rápida em redes sociais.
Navegador…
Enquanto a gravação de gameplay me decepcionou como criador de conteúdo, minha pior experiência no sistema do Xbox Series X como usuário foi o navegador Microsoft Edge. Precisei da ferramenta poucas vezes, mas nunca obtive resultados satisfatórios. O console chegou a congelar por completo em um dos casos que usei o browser, forçando uma reinicialização na base do botão Power.
Os problemas no aplicativo se devem à versão defasada do navegador que está presente no Xbox. Como o próprio logo indica, o browser presente nos consoles é baseado no Microsoft Edge Legacy, que será descontinuado pela empresa em 2021.
A nova versão do Edge, que é baseada na mesma tecnologia do Google Chrome, é espetacular e funciona muito bem no PC. Porém, a Microsoft não deu informações de quando lançará a novidade nos consoles, apesar do interesse dos usuários.
Além de apresentar falhas durante o uso, o Edge para Xbox também não possui suporte para mouse, o que seria um baita diferencial para os consoles da linha. O teclado funciona e é uma mão na roda na hora de digitar, mas poder mexer a seta apenas pelo controle acaba limitando o uso do browser.
Caso a Microsoft lance a versão aprimorada do Edge no Xbox, seria muito interessante ver o programa suportando mouse e teclado. A velocidade do SSD tornaria o navegador interessante para zapear nas redes sociais e até realizar ações de produtividade, como escrever no Google Docs. É um detalhe pequeno e que não parece difícil de implementar, mas faria muita diferença para usuários “multitarefa.”
Pilhas
Outro ponto que gera polêmica e fica evidente durante o uso do Xbox Series X são as pilhas. O console mais potente de nova geração é um produto premium que custa mais de R$ 4 mil, mas seu controle não vem com uma fonte de alimentação além das duas pilhas que acabam em cerca de uma semana.
A utilização de pilhas garante mais opções de alimentação para o usuário. Porém, com o preço cobrado pelo produto, o controle certamente podia trazer uma bateria em sua embalagem. Afinal, estamos falando de um dispositivo premium e que, quando vendido separadamente, sai por mais de R$ 500.
Com isso em mente, os novos jogadores que estão chegando ao Xbox precisam estar cientes: você vai gastar uma graninha frequentemente com pilhas ou terá que comprar uma solução mais duradoura, mas que pesa mais no bolso. Como eu já possuo um Xbox One aqui em casa e um carregador de pilhas, optei por adquirir dois pares de pilhas recarregáveis para usar no controle do Series X.
Outra opção para usar o controle sem fio é adotar baterias recarregáveis. A Microsoft possui um kit próprio que custa algo na casa dos R$ 300, o que é um valor bem salgado em comparação às pilhas, que podem ser compradas com carregador por R$ 149,90.
A HyperX também possui o ChargePlay Duo, que traz duas baterias e uma base de carregamento por cerca de R$ 270. A solução traz um bom custo-benefício em comparação ao kit da Microsoft, mas só possui baterias compatíveis com controles do Xbox One atualmente — fontes de alimentação voltadas para o controle do Series X/S começam a ser vendidas em 2021.
Para quem não quer gastar, vale ressaltar que o controle possui uma porta USB e pode ser jogado com cabo. A conexão também permite alimentar o controle com uma powerbank, o que não é tão conveniente, mas funciona.
Conclusão
Após um mês de mercado, o Xbox Series X ainda não possui um grande jogo para chamar de seu, mas conta com uma arma forte para conquistar novos usuários: o Xbox Game Pass. O serviço continua recebendo jogos variados e de qualidade, incluindo o aclamado Control, e os testes com o xCloud mostram um futuro promissor para a marca no Brasil.
Em relação ao hardware, o Series X ainda não tem muito material para mostrar todo o seu potencial, mas não decepciona com os games atuais. A retrotompatibilidade é vasta e inclui melhorias em diversos jogos, até mesmo em Cyberpunk 2077. O grande destaque, porém, fica por conta do sistema de resfriamento do dispositivo, que funciona praticamente sem barulhos.
Os saves integrados e a rapidez da Xbox Live garantem comodidade na hora de continuar o gameplay iniciado em outra máquina e compartilhar screenshots. O sistema ainda precisa de alguns polimentos, principalmente na captura de vídeo e no navegador, mas a experiência de uso geral é bastante positiva.
O ano de 2021 promete ser bastante positivo para o console e logo em janeiro teremos o lançamento de The Medium, considerado o primeiro “exclusivo” de grande porte para a plataforma. Agora é esperar para ver se todo o potencial do hardware poderoso será aproveitado no futuro.
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