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Usei cheats em um jogo difícil; será que foi um erro?

Devo usar cheats em jogos single player muito difíceis? O assunto é polêmico, mas rende uma boa discussão

Sifu é um jogo independente desenvolvido pela Slocap que lançou ainda no começo de fevereiro para PC e PS5. O game é basicamente uma fusão de um beat ‘em up baseado em artes marciais (no caso o Kung-Fu) com uma estrutura semelhante a jogos roguelite.

Em seu estilo de jogo padrão, Sifu foi pensado para ser desafiador e te obriga a recomeçar uma fase sempre que atinge uma idade máxima, que aumenta à medida em que você morre. Se você passou desse limite, começa a mesma fase novamente até conseguir e avançar para a seguinte.

O objetivo desse artigo não é fazer uma análise de Sifu, mas sim abrir uma discussão. O jogo é realmente desafiador e punitivo, e ele faz isso de formas diferentes que outros jogos desafiadores — como a série Souls ou até mesmo de outros roguelikes, com mecânicas repetitivas e poucas alterações nas diversas tentativas que você tem em uma mesma fase. Dessa forma, tenho certeza que muitos jogadores podem acabar não se interessando pelo título e eventualmente “dropando” o game. Mas e se houver alguma forma de mitigar isso?

A resposta é que há como passar por cima dessa questão aplicando cheats na versão de Sifu para computadores que facilitam o jogo. O problema é que assim você vai perder a experiência completa que o título foi desenhado para de entregar. Por outro lado, a vantagem é que, mesmo que de forma facilitada, você pode pelo menos explorar o jogo inteiro e não simplesmente largá-lo eternamente na sua biblioteca sem nunca receber uma segunda chance.

A minha experiência com Sifu

Peguei Sifu em uma promoção na Epic Games e dei uma chance para o jogo. Consegui finalizar a primeira fase sem muitos problemas, mas senti que o título começa a te desafiar mesmo já na segunda etapa. Nela percebi melhor como funcionam as habilidades do jogo, assim como o que acontece quando você alcança o limite de mortes.

A questão é que, ao contrário de outros roguelikes, as missões não contam com inimigos randomizados, então você sempre enfrenta exatamente os mesmos NPCs. Isso me desanimou um pouco: com mais algumas horas de gameplay, percebi que o jogo não era pra mim e decidi largá-lo, já que tenho um backlog bem cheio e com vários outros games interessantes e que fazem meu estilo.

No entanto, foi aí que me lembrei da possibilidade de usar cheats e passar pelo jogo inteiro de forma mais facilitada, pelo menos para não “desperdiça-lo” e partir para o próximo. E a minha experiência fazendo isso foi bem interessante.

Como foi usar os cheats

Pesquisando um pouco eu encontrei o software WeMod, que permite com que você aplique cheats de forma prática em vários jogos single player. Usando a ferramenta, apliquei o mod de vida infinita e continuei a jogar Sifu. Dessa forma, eu ainda “apanhava”, mas não precisava me preocupar em morrer em nenhum momento.

Sifu Trainer +14 Cheats (God Mode, Edit Death Count, Unlimited Focus, Edit XP & 10 More)

A ferramenta conta com diversos cheats diferentes, mas eu só usei mesmo o mod de vida infinita, que já é mais que o suficiente para deixar o jogo mais fácil. Ao passar pelo inimigos, eu ainda tive a minha dose de diversão tentando dominar os comandos de luta, passando dificuldade com alguns que quebravam a minha defesa eventualmente. Dessa forma, eu acabei aproveitando a jogabilidade, mesmo que a minha experiência seja muito diferente do que quem jogou o Sifu normalmente.

Outro ponto interessante no uso dos mods é que eu acabei sendo exposto a mais conteúdo de forma mais dinâmica. Os cenários e os inimigos desse jogo são criativos e muito bem desenhados. Foi ótimo poder explorar isso com mais liberdade, ou pelo menos mais segurança ao longo da gameplay. Provavelmente se eu jogasse da forma usual, por mais interessante que seja o cenário e os inimigos, acabaria enjoando deles, a medida em que tentava de novo, de novo e de novo.

Nóis apanha mas não cai

Um ponto negativo de facilitar muito esse jogo específico é que, como Sifu foi pensado com um grande foco no combate, a sua história é simples e não tem nada de muito extraordinária. Dessa forma, ao finalizar o game, eu senti que aproveitei muito mais o “ponto fraco do jogo” que é a história do que o seu ponto forte — o gameplay e o combate. No entanto, de forma geral, eu realmente acho que valeu a pena usar o facilitador, já que ou era isso ou simplesmente não jogar e partir para outra.

Conclusão: Devo ou não usar cheats?

Como estamos falando do uso desse recurso em jogos single player (não use cheats em games multiplayer, por favor) essa resposta é muito mais subjetiva. Alguém pode argumentar, e com razão, que essas obras são moldadas para serem consumidas de uma forma específica pelo jogador. No entanto, os games também são uma mercadoria e podem custar muito caro, então é definitivamente melhor usar um cheat para facilitar o game e explorá-lo do que simplesmente deixar de aproveitar algo que custou centenas de reais.


Os games também são uma mercadoria
e podem custar muito caro

No caso de Sifu, isso está bem claro, tanto que o jogo até sofreu alterações pós-lançamento. A desenvolvedora lançou um grande patch para o título ajustando justamente a dificuldade, oferecendo um novo modo fácil e também novas opções de desafios para os gamers mais entusiastas na fórmula do título.

Sifu - First Major Content Update | PS5 & PS4 Games

No entanto, em outros casos como Elden Ring, há menos chance de você sequer pensar em usar cheats. Isso porque, apesar da franquia ser conhecida pela dificuldade de seus jogos, você tem uma liberdade tão grande em Elden Ring que pode construir personagens com muito poder de magia, por exemplo, e passar mais facilmente pelos chefes, mesmo que o game não tenha uma configuração de “modo fácil” explícita.

Em conclusão, o jogo é seu, e ele pode ter custado muito caro. Se você quer usar cheats no single player, use. Você não vai aproveitar o game com tudo que pode oferecer, mas ainda pode se divertir bastante e não vai simplesmente deixá-lo esquecido na sua biblioteca.

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Por Diego Amorim

Colaborador do Jornal dos Jogos.