Após uma infância moldada por consoles e anos como jogador de notebook, migrei definitivamente para o PC de mesa em outubro de 2019. Meu primeiro desktop ainda está em atividade e, apesar de não ser um computador da NASA, traz um hardware de respeito: um AMD Ryzen 5 3600 acompanhado da GeForce RTX 2060 XC da EVGA.
O poder do combo já ganhou meu coração logo nos primeiros testes em Call of Duty Modern Warfare, um dos grandes lançamentos do ano passado e que ainda está bombando atualmente. O salto visual ficou perceptível em comparação ao hardware do meu antigo notebook, com uma GTX 1050 Ti e o i7-7700HQ, e senti os primeiros gostos do Ray Tracing, que viria a se tornar cada vez mais popular nos próximos meses.
O Ray Tracing, inclusive, foi um dos primeiros fatores que mostrou as limitações da minha GPU e me lembrou que não estou no topo da cadeia alimentar do hardware. Como eu trabalho no Adrenaline e a galera adora ver hardware pegando no pesado, especificações como os 6 GB de VRAM acabaram segurando minhas vontades em certas ocasiões. O uso em jogos mais cascudos também fez o meu modelo da EVGA sentir calor, já que o resfriamento fica por conta de apenas um fan e soluções passivas.
Sem deixar para trás
Mesmo com limitações de seu próprio hardware, a RTX 2060 passou por um crescimento louvável durante os últimos 12 meses. Ao invés da placa de vídeo seguir o caminho natural da obsolescência, o componente evoluiu de maneira considerável graças às novas tecnologias da Nvidia.
A fabricante lançou uma nova linha de GPUs preparada para Ray Tracing e com um grande salto de desempenho em comparação à série RTX 20. A RTX 2080 Ti é batida pela nova RTX 3070, por exemplo.
Além disso, a terceira geração de GPUs com Ray Tracing veio acompanhada de novas funções, como o programa de gravações Nvidia Broadcast. Neste ponto que temos o pulo do gato: os modelos antigos não ficaram para trás e as novidades de software também estão disponíveis em placas anteriores da família RTX, inclusive na minha RTX 2060.
A Nvidia também lançará em 2021 o RTX I/O, tecnologia que promete melhorar a compressão de games e vai funcionar com GPUs da série 20 e 30. O suporte para novidades como essa parece pequeno, mas infelizmente está fora dos padrões da indústria. Muitas tecnologias legais acabam deixando hardwares levemente mais velhos de fora, como é o caso do SAM da AMD, pelo menos em seu lançamento, que não trabalha no meu Ryzen 5 3600 lançado no ano passado.
O poder do DLSS
No meio de tantas tecnologias, o principal marco para a minha guerreira RTX 2060 é o Deep Learning Super Sampling, o famoso DLSS. A ferramenta de upscaling e Anti-aliasing que usa inteligencia artificial chegou desacreditada no mercado, mas ganhou um boost em sua versão 2.0.
O DLSS tem como principal missão possibilitar o uso de Ray Tracing em resoluções mais altas, como 4K. Porém, para quem joga em “divisões mais baixas”, a tecnologia também serve para dar um belo upgrade de performance.
Neste ano, a Nvidia lançou a versão Ultra do recurso, que funciona em resolução 8K e garante saltos de até 85% na taxa de frames. A novidade é tão potente que fez minha RTX 2060 segurar Call of Duty Black Ops Cold War, lançado neste mês, em impressionantes 4K e 60 frames por segundo, com Ray Tracing ativado e tudo.
Em condições normais de mercado, os novos lançamentos de games tendem a fazer hardwares modestos começarem a apanhar. Com o uso do DLSS, porém, a placa de vídeo se transforma em “Super Sayajin” e muda essa situação. É algo impressionante de se vivenciar não apenas em Black Ops Cold War, mas também em outros jogos com a função, como Death Stranding.
Nas mãos do futuro
A principal “falha” do DLSS está em sua adoção. Nem todas as desenvolvedoras utilizam a tecnologia atualmente e o milagre entregue pela inteligência artificial fica limitado a alguns títulos compatíveis. Felizmente, a lista de jogos com as funções RTX está se expandindo e inclui produções aguardadas como Cyberpunk 2077.
A AMD também lançará uma solução similar ao DLSS, que será aberta e deve funcionar no PS5 e Xbox Series X e S. A novidade pode expandir para mais placas de vídeo o sentimento que eu tive ao ver a RTX 2060 mandando um 4K/60 fps.
Segundo reza o ditado popular, o vinho tende a ficar melhor quando envelhecido. Nunca imaginei que veria essa máxima sendo aplicada em placas de vídeo, mas estou feliz que isso está acontecendo.