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GPUs RX 6000 e novos Ryzen mostram que AMD não está brincando

Após quase falir, a AMD agora está de volta na “Série A” do mercado de hardware

Você lembra o que estava fazendo há oito anos? A AMD, nesta mesma época em 2012, estava estudando vender a sua sede para conseguir dinheiro e não falir. O processo foi confirmado em 2013 e a empresa teve que “alugar sua própria casa” para ter grana suficiente para se manter no mercado.

Ao lembrar de situações como essa, fica difícil acreditar que a AMD, atualmente, é a empresa que está concorrendo frente a frente com gigantes renomadas como Intel e Nvidia. Durante o mês de outubro, a empresa liderada pela brilhante Lisa Su, eleita CEO do ano em 2019, mostrou que não está para brincadeira.

Ainda nessa semana, a AMD desembolsou US$ 35 bilhões para comprar a Xilinx. Você possivelmente nunca ouviu falar dessa empresa, mas a aquisição garante uma grande presença da AMD no mercado de chips personalizados e expande ainda mais o alcance da firma, que está crescendo no setor de processadores e placas de vídeo para games.

Na primeira semana de outubro, a firma revelou a linha de processadores Ryzen 5000, que é a primeira baseada na arquitetura Zen 3. Após o lançamento dos chips Zen2, que já colocaram medo na Intel, a nova série consolida a marca como uma opção de CPU de ponta para games, trazendo inclusive preços que estão ao nível dos valores cobrados pela concorrente. A empresa deixou de ser a “underdog” do mercado para se igualar a sua maior rival.

Já no dia 28 de outubro, tivemos um vislumbre das placas de vídeo RX 6000, baseadas na arquitetura RDNA 2, mesma utilizada no PS5 e Xbox Series X e S. Enquanto a briga com a Intel já está aquecida há anos, as novas placas de vídeo mostram que a firma também tem forças para se destacar no mercado de GPUs e finalmente tirar uma fatia de mercado da Nvidia.

Alcançando a rival

Chegamos a um ponto em que a AMD zoa as placas da Nvidia por serem maiores e consumirem mais energia.

Quando a Nvidia anunciou a série RTX 30 com um salto considerável de performance, os rumores sobre a geração RX 6000 ainda apontavam que a AMD lançaria placas de vídeo para competir com a RTX 2080 Ti, antiga top de linha do lado verde da força. Eu mesmo pensava que o máximo que teríamos era uma extensão do que temos hoje: a AMD brigando na parte de baixo da tabela das GPUs, nos segmentos de entrada e intermediário. E definitivamente não foi isso que aconteceu.

A AMD fechou seu evento mostrando a RX 6900 XT, que, em tese, é capaz de brigar com a poderosa RTX 3090, com um tamanho menor e consumindo menos energia. Os benchmarks divulgados pela fabricante mostram a placa de vídeo alcançando e até batendo a gigantesca GPU em alguns games, o que já é bastante promissor.

Utilizando as novas firulas da AMD, como o overclock Rage Mode, a RX 6900 XT alcança o poder bruto da RTX 3090

Além da RX 6900 XT, a empresa também revelou a RX 8600 XT e a RX 8600, que competem com GPUs acima da RTX 3070 e são capazes de segurar 4K e 60 quadros por segundo (!!!!!). Para se ter uma ideia do quão grande é isso, as placas da geração atual da AMD atuam no mercado intermediário e lutam para ganhar espaço contra GPUs ao nível da RTX 2070 Super.

E o Ray Tracing?

É importante ressaltar, porém, que a AMD não mostrou testes com uma tecnologia importante: o Ray Tracing. Todos os benchmarks que colocam as placas de vídeo da empresa para brigar com GPUs Nvidia tratam apenas da força bruta, sem mencionar o desempenho das novas RX com traçado de raios. Ao que tudo indica, a empresa ainda está evoluindo sua técnica de traçado de raios e ainda deve apanhar para a rival nesse aspecto por um tempo.

A parte interessante, porém, é que a AMD está correndo atrás do prejuízo. Segundo o The Verge, a fabricante já está testando uma tecnologia para brigar com o DLSS. Para quem não tá ligado, o “Deep Learning Super Sampling” é o milagre da Nvidia para rodar jogos em 4K e 60 fps com Ray Tracing.

DLSS nos jogos: O que é e como funciona?

Além disso, a empresa também apresentou outras firulas para enriquecer o ecossistema das placas de vídeo Radeon. Uma das tecnologias que acompanha as RX 6000 promete ganhos de até 30% de desempenho quando a placa de vídeo é pareada com um processador AMD Ryzen da linha 5000.

Além disso, a empresa está criando um sistema que segue os moldes do Nvidia Reflex e promete entregar jogos com menos latência, mas em um padrão aberto e mais acessível. Inclusive, o “DLSS da AMD” também será open source e deve aparecer até mesmo em consoles.

Unir um processador Ryzen 5000 com uma placa da nova geração da AMD garantirá ganhos de desempenho, segundo a empresa

Fora isso, também temos as melhorias trazidas na arquitetura RDNA 2. A tecnologia é 30% mais eficiente que a primeira geração RDNA e suporta frequências até 30% mais altas. A AMD também revelou a tecnologia Infinity Cache, que usa um armazenamento extra para dar um up de performance na GPU, e também o Rage Mode, um overclock que promete ser tão de boas que qualquer um vai conseguir operar.

Mesmo com tudo isso, ainda é cedo para cravar que a AMD roubará o trono de Intel ou Nvidia. Ainda assim, temos um cenário interessante para o mercado, já que a competição está apertando tanto nos processadores quanto nas placas de vídeo. Além disso, a AMD é a primeira a oferecer dois componentes para games de alto desempenho com vantagens na compra conjunta, algo que pode mudar no decorrer de 2021 com a chegada das GPUs gamer da Intel.

A AMD ainda não dá uma “surra de performance” em suas concorrentes e isso pode decepcionar alguns fãs. Porém, é importante lembrar que estamos falando de uma empresa que esteve em processo de falência há menos de 10 anos. Protagonizar uma virada tecnológica desse nível tão rápido é algo que merece reconhecimento, agora é esperar para ver se Lisa Su consegue manter o ritmo.

Por Mateus Mognon

Jornalista formado na UFSC e criador do Jornal dos Jogos, veículo que reúne as principais notícias de games com curadoria e aquele "jeito moleque" de escrever.