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Call of Duty Modern Warfare continua firme e forte após um ano de lançamento

Após um ano de mercado, o game conseguiu mudar as regras que regiam o sucesso da série de jogos de tiro da Activision

“As regras mudaram”. Essa é a primeira frase dita por Capitão Price no trailer de revelação de Call of Duty Modern Warfare, lançado há um ano, em 25 de outubro. A sentença faz alusão à campanha do game, que aborda as diferentes faces das guerras atuais, mas também se aplica ao modelo de negócio da franquia da Activision.

Após anos seguindo um modelo com vendas de DLCs e mapas, a Activision mudou sua atuação para não perder espaço para concorrentes que vão desde Battlefield até Fortnite. A aposta foi alta e, para a alegria dos acionistas, o resultado foi positivo: após 365 dias de mercado, Call of Duty Modern Warfare se tornou o maior jogo da franquia e, mesmo com problemas, fez história no mercado de games.

Ainda no ano passado, Modern Warfare foi eleito o mais jogado da franquia nesta geração. O título também continuou popular com o passar do tempo e se tornou o game mais vendido da série fora de sua janela de lançamento.

Todo esse sucesso tem motivo: o game se destaca em diversos aspectos de conteúdo, apesar de pecar na parte técnica.

Retorno da campanha single-player

O grande destaque no lançamento de Call of Duty Modern Warfare foi a campanha solo do jogo, que retornou após um Black Ops 4 focado em multiplayer. Produzido pela Infinity Ward e a Raven, o título ressuscita um dos jogos mais populares da história da franquia, mas com uma nova pegada.

Farrah é uma das protagonistas da campanha de Modern Warfare
Farrah é uma das protagonistas da história

A campanha traz personagens icônicos da subsérie Modern Warfare, incluindo o famoso Capitão Price, mas também apresenta novos rostos para a narrativa. A história é pesada e, apesar de ser chocante, se destaca por justificar cada ação polêmica realizada no jogo.

Toda a campanha gira em torno da moralidade de ser um soldado. Além de simular a famosa briga entre “bonzinhos” e “vilões”, o jogo também te coloca em situações que farão sua mão tremer na hora de puxar o gatilho virtual.

missao de criança em call of duty modern warfare
Uma das missões de Call of Duty Modern Warfare te coloca na pele de uma criança durante a guerra

O game também impressiona na parte visual. Além de contar com gráficos de cair o queixo, a desenvolvedora criou fases focadas em ambientes noturnos que se destacam pela imersão. Esse “feeling” também foi carregado para o multiplayer, que é, de longe, a parte mais revolucionária de Modern Warfare para a franquia.

Multiplayer compartilhado

Enquanto o retorno da campanha já foi um grande feito para Modern Warfare, a estrutura do multiplayer é o maior destaque do jogo. A Activision deixou de lado os mapas pagos para adotar um sistema de temporada: agora, todos os jogadores recebem os principais conteúdos gratuitamente, enquanto algumas roupinhas, skins de armas e firulas cosméticas podem ser compradas na loja.

A novidade não mexeu no balanceamento do game e garantiu que todos os jogadores permanecessem juntos no multiplayer. Em jogos anteriores, alguns mapas ficavam escondidos atrás de DLCs pagos, o que limitava o alcance e sobrevida dos conteúdos.

Além de democratizar o acesso às novidades, a Activision também implementou crossplay em Call of Duty Modern Warfare. Com a funcionalidade, os jogadores não possuem limitações de plataformas na hora de jogar.

O crossplay e a adição de novos conteúdos
estenderam a vida de Modern Warfare

Assim, mesmo que você tenha um PC e seu amigo jogue em um Xbox ou PlayStation, o matchmaking permite montar esquadrões para todo mundo se unir. A mudança, aliada aos novos conteúdos, garantiu que muitas pessoas continuassem jogando o multiplayer até hoje.

Apesar de modos como o Spec Ops serem um flop total, o jogo entrega uma experiência bastante frenética e divertida em jogos mais tradicionais, como mata-mata em equipe e o novo Gunfight. O lançamento foi meio conturbado por falta de balanceamento, mas Modern Warfare evoluiu tanto que, após um ano, entrega uma das experiências de tiro online mais completas da atualidade.

Sucesso do battle royale

O sucesso da parte multiplayer de Modern Warfare chegou ao ápice com Call of Duty Warzone, um modo de battle royale que chegou em março de 2020. A novidade chegou para surfar na onda de títulos como Fortnite e PUBG, mas com um belo atraso.

Apesar de ter chegado tarde para a festa, Warzone brilhou ao trazer inovações interessantes ao gênero de batalha real. O game conta com missões para deixar os jogadores engajados e uma “segunda chance” para quem morre.

Todo jogador abatido é enviado ao Gulag, uma prisão em que dois soldados se enfrentam pela chance de retornar ao jogo. Além disso, as equipes também têm a chance de comprar o retorno de parceiros com a grana obtida em missões.

O battle royale gratuito também se aproveita da estrutura do multiplayer de Modern Warfare. O gameplay acontece em um mapa com locais utilizados no multiplayer e as mesmas armas, com um sistema de progresso compartilhado.

Além da qualidade, o grande destaque de Warzone é o preço: o battle royale é gratuito e todo a sua monetização vem dos cosméticos vendidos no passe de batalha. Isso impulsionou o alcance do game e, para muitas pessoas, transformou Verdansk em um ponto de encontro para os jogadores. Afinal, não é todo game que possui jogabilidade de tiro de qualidade, bastante conteúdo e crossplay.

A empreitada no gênero battle royale deu tão certo que Warzone já possui mais de 75 milhões de jogadores e continuará vivo até mesmo após o lançamento de Black Ops Cold War. O movimento é bastante interessante, já que a Activision terá que manter dois jogos vivos durante o ano que vem.

Problemas e o futuro

O sucesso monstruoso de Call of Duty Modern Warfare e Warzone pode até se tornar um grande problema para Black Ops Cold War. Antigamente, os jogos da série possuíam um certo “prazo de validade”, já que muitas pessoas abandonavam o multiplayer com o passar do tempo e migravam para os títulos mais recentes da franquia.

Por outro lado, Call of Duty Modern Warfare e Warzone continuam vivíssimos, mesmo poucos dias antes do lançamento de Black Ops Cold War. A Activision lançou um grande evento de Halloween no game recentemente com grandes novidades de conteúdo, incluindo um modo temporário com zumbis.

Eu testei Call of Duty Black Ops Cold War durante a fase beta do game e o jogo traz evoluções gráficas, promete trazer uma experiência rebuscada de Ray Tracing e um novo ritmo de gameplay. Porém, não existem tantos motivos para gastar mais de R$ 200 e migrar para o novo game logo de cara.

Além do sucesso de Warzone, o principal motivo que me leva a esperar para pular no novo COD são os erros do jogo atual. Enquanto Modern Warfare teve problemas durante seu lançamento, Warzone ainda gera dores de cabeça até hoje.

Modern Warfare e Warzone são gigantes e possuem bugs. Será que isso continuará em Black Ops Cold War?

Warzone virou sinônimo de falta de otimização e Modern Warfare completo ocupa mais de 200 GB de armazenamento no PC. Ainda é cedo para julgar Black Ops Cold War, mas o jogo teve um beta pesando até 40 GB e que também apresentou problemas técnicos (confira detalhes na live feita no Adrenaline).

Enquanto o futuro de Call of Duty ainda está em aberto, uma coisa é certa: Call of Duty Modern Warfare envelheceu muito bem durante seu primeiro ano no mercado e, mesmo que morra com o tempo, marcou a história da principal franquia de jogos de tiro da atualidade.

Por Mateus Mognon

Jornalista formado na UFSC e criador do Jornal dos Jogos, veículo que reúne as principais notícias de games com curadoria e aquele "jeito moleque" de escrever.