Mais um competidor acaba de chegar ao mercado do streaming de games
Além de ser o ano da maior pandemia da história recente, 2020 também promete ser o ponto de partida do streaming de games. Uma semana após a Microsoft lançar oficialmente o xCloud com o Xbox Game Pass para Android, a Amazon revelou a Luna, sua plataforma para competir nesse mercado. Ainda temos poucos detalhes sobre o funcionamento da plataformas, mas tudo indica que a investida de Jeff Bezos pode colocar o Stadia pra mamar (perdão pelo palavreado).
O que é o Luna?
O serviço de streaming da Amazon traz o conceito de “Netflix dos jogos” — ou Prime Video dos jogos, para ser mais preciso. Ao pagar US$ 5,99 mensais, o usuário pode acessar uma crescente biblioteca com mais de 100 jogos, que inclui títulos como Control e A Plague Tale: Innocence.
Os títulos podem ser abertos e jogados instantaneamente em dispositivos como dongles da linha Fire TV, PCs, Macs e iPhones e iPads, por meio de um app web. A plataforma funciona em até dois dispositivos simultaneamente no plano padrão e, futuramente, o serviço também contará com suporte para Android.
Além de ter um controle ou o combo mouse/teclado, o único requisito para jogar no Luna é ter uma internet que aguente a transmissão: a Amazon recomenda velocidades a partir de 10 Mbps para gameplay em 1080p e mais de 35 Mbps para aguentar 4K, que chegará ao serviço futuramente.
Além de fazer o arroz com feijão do streaming, o serviço também conta com integração com o Twitch, a plataforma de vídeos da Amazon. Os usuários podem encontrar vídeos ao vivo sobre os games facilmente e também começar a jogar no Luna seguindo a livestream de algum criador de conteúdo.
Outro serviço da Amazon que está dentro do Luna é a Alexa. A assistente de voz pode ser utiliza pra encontrar e iniciar games na plataforma. A empresa também anunciou um controle próprio para a plataforma, que traz um botão dedicado pra IA e promete oferecer melhor latência que joysticks Bluetooth.
Canais de conteúdo
Outra peculiaridade no Luna são os canais de conteúdo. Segundo a Amazon, o usuário poderá acessar os mais de 100 jogos da plataforma com a assinatura de US$ 5,99, que traz os games do “Luna+”, mas será possível jogar mais títulos dentro da plataforma. A empresa anunciou uma parceria com a Ubisoft e, futuramente, trará um plano especial com jogos da desenvolvedora.
Ao que tudo indica, o serviço seguirá um modelo similar ao Prime Video Channels, que centraliza diferentes assinaturas de vídeo em apenas um local. Com isso, se o usuário quiser aumentar o catálogo de 100 jogos do Luna+ ou simplesmente quiser desfrutar de games de uma empresa específica via nuvem, basta assinar um pacote separado dentro da plataforma.
Luna vs Stadia
O formato de negócio do Luna pode ser uma grande pedra no sapato do Stadia. A plataforma da Google possivelmente terá que passar por reformulações ou “dar seus pulos” para conseguir se manter influente perante a crescente concorrência.
A plataforma da Google conta com uma assinatura de US$ 10 que oferece streaming de games em até 4K e alguns jogos de brinde, num esquema parecido com a PlayStation Plus. Porém, o serviço exige que o jogador compre os jogos para acessá-los via nuvem.
Caso você queira jogar DOOM Eternal, por exemplo, é necessário adquirir o jogo dentro do Stadia para jogá-lo, como se a plataforma fosse um console que funciona na nuvem. Apesar de ser um modelo válido, as assinaturas com centenas de games combinam melhor com a proposta de abrir uma interface e, após poucos cliques, sair jogando.
Luna contra Xbox Game Pass
Graças ao seu modelo de negócio com assinatura mensal, o Luna chega ao mercado transcendendo a competição com o Stadia e brigando com alguém ainda maior nesse setor: a Xbox. A Microsoft lançou recentemente o Xbox Game Pass para Android com a plataforma de nuvem xCloud e pretende estender o alcance de sua plataforma futuramente.
A combinação de Game Pass Ultimate e xCloud oferece aos jogadores um catálogo com centenas de jogos para serem acessados em diferentes aparelhos por um valor na casa dos US$ 15 lá fora. A vantagem da Microsoft na competição está nos PCs com Windows 10 e os consoles da linha Xbox: quando o usuário não quer ou não pode jogar na nuvem, basta fazer o download do game para um dispositivo físico.
A Microsoft também já percebeu que outra peça importante nessa guerra é o conteúdo próprio. Assim como Netflix, a dona do Xbox está gastando bilhões para formar uma biblioteca de jogos originais de peso no Game Pass. A mais recente jogada da companhia foi adquirir a Zenimax, dona da Bethesda, e garantir franquias gigantes como DOOM e The Elder Scrolls para o serviço, além de ter 23 estúdios prontos para fazer novos jogos para a plataforma de assinatura e seus consoles.
A arma da Amazon
A Amazon já possui um estúdio de games próprio e tem grana para investir em conteúdo original. Outro pulo que a empresa pode dar para alavancar o Luna é utilizar a assinatura Amazon Prime, o que vem dando certo atualmente com Twitch e Prime Video.
A assinatura, que está disponível no Brasil, engloba diversos serviços da companhia em apenas uma mensalidade de baixo custo. Pagando apenas R$ 10 mensais, o usuário pode acessar Prime Video, receber brindes do Prime Gaming e ter entrega grátis no e-commerce da empresa. Adicionar o streaming de games nesse bolo seria sensacional, mas é difícil dizer se a companhia vai liberar o Luna por um valor tão acessível.
De qualquer forma, o Luna chega aos Estados Unidos em acesso antecipado com uma leve vantagem em relação ao Stadia e o xCloud: o serviço funciona em iPhones e iPads. Enquanto Google e Microsoft tretaram com a Apple, a Amazon deu um jeito de “dibrar” a dona do iOS e vai distribuir sua plataforma via aplicativo web. Quanto tempo isso vai durar? Só o tempo dirá.