A E3 é conhecida por ser um dos maiores eventos de games do ano, mas a edição de 2021 pode perder esse título. A batalha judicial entre Apple e Epic Games se tornou um palco de grandes revelações sobre a indústria de jogos.
Por enquanto, os documentos apresentados para a corte ainda não anunciaram nenhum jogo (foi por pouco), mas já vimos algumas skins que devem chegar em Fortnite. Além disso, a ação judicial mostrou um lado obscuro da indústria de games: as negociações que rolam por baixo dos panos.
Se você tá por fora desse entrevero jurídico, a Epic Games está chamando uma galera na corte para tentar provar que as taxas cobradas na App Store são abusivas e a loja possui tendências de monopólio. A Apple, por outro lado, está utilizando suas testemunhas para descreditar a rival e sair por cima. Tudo isso por causa de Fortnite.
Com tantas empresas bilionárias envolvidas no processo, diversas informações interessantes já surgiram no julgamento, além de frases e declarações bem peculiares. Abrimos nossa newsletter de hoje trazendo um resumão com as principais “novidades” que apareceram até agora:
Microsoft confirma que não lucra com consoles
As palavras saíram da boca de uma das chefes da divisão Xbox, e isso não é novidade. Porém, não é todo dia que uma empresa confirma que seu console não dá grana. Na verdade, até a Sony possivelmente também não ganha grana com a venda direta de seus dispositivos. Afinal, estamos vivendo em um mundo com placas de vídeo caríssimas e tanto PS5 quanto Xbox Series X/S continuam com seu preço padrão.
As empresas abraçam esse prejuízo para ganhar em cima da venda de games e serviços. Logo após a repercussão da notícia, a Microsoft fez questão de dizer que está ganhando bilhões com assinaturas como o Game Pass e os 30% provenientes da comercialização de jogos e itens in-game nos consoles Xbox.
Sony cobra taxa de jogos que usam crossplay
Após muita pressão dos jogadores de Fortnite, a Sony finalmente liberou o crossplay em seus consoles em 2019. A alteração, porém, não veio de graça para desenvolvedores. Os documentos do julgamento apontam que a empresa não considera a funcionalidade positiva para o ecossistema PlayStation, financeiramente falando. Afinal, com o crossplay habilitado, as crianças sonystas não precisam convencer o coleguinha a gastar quase R$ 5 mil em um PS5 para jogar Fortnite em squad.
Para garantir um afago ao seu bolso, a Sony implementou uma “taxa de uso” do crossplay em seus consoles. Segundo mostram as políticas da PlayStation Store, os jogos que liberam o multiplayer entre diferentes plataformas precisam pagar um tributo extra para a Sony, que serve para “compensar” a grana que a empresa deixa de ganhar ao permitir que você jogue com amigos no Xbox, Switch ou PC.
Segundo Tim Sweeney, CEO da Epic Games, a Sony é a única companhia que pratica a taxa do crossplay no mercado. Complicado, hein…
PlayStation é o lugar que mais dá dinheiro para Fortnite
Enquanto ter que pagar uma taxa para usar crossplay não é nada legal, a Epic Games possivelmente não se incomoda tanto em fornecer o tributo para a Sony, já que a plataforma dá dinheiro. O PlayStation é o local que mais gera receita para Fortnite atualmente.
Segundo os documentos da Epic Games, que englobam dados entre 2019 e 2020, a receita bruta de Fortnite no PlayStation fica em US$ 148 milhões por mês. O segundo lugar fica com o Xbox, que gera cerca de US$ 82 milhões mensais para a Epic.
Já a versão de PC, a preferida da Epic, movimenta cerca de US$ 27 milhões/mês, ficando atrás até mesmo do Nintendo Switch. A versão de iOS, que é o principal ponto de briga entre Epic e Apple, gerava cerca de US$ 23 milhões mensais brutos para o battle royale, sem contar os tributos pagos para a App Store.
Fortnite fora do xCloud
A batalha judicial do momento também revelou o motivo para Fortnite não estar presente no xCloud. Why? A Epic Games acredita que lançar o battle royale no streaming da Microsoft vai prejudicar os ganhos da versão de PC.
A versão de PC de Fortnite conta com a melhor margem de lucro atualmente, já que funciona pela Epic Games Store e toda a grana vai diretamente para o bolso de Tim Sweeney. O xCloud funciona na mesma estrutura do Xbox e, com isso, toda compra feita pelo serviço de streaming viria acompanhada de uma taxa de 30% para a Microsoft.
Ou seja, a tendência é que Fortnite possivelmente também não dê as caras no PS Now e no Stadia futuramente. Por outro lado, o game está disponível via nuvem no GeForce Now, que não possui royalties de uso e garante lucros limpos para a Epic. Logo, se você quer rodar o jogo em um PC fraco, as opções são utilizar o serviço da Nvidia, que está chegando ao Brasil, ou testar a versão otimizada do battle royale.
Epic gasta milhões para distribuir jogos grátis
US$ 1,4 milhões. Essa foi a quantia gasta por Tim Sweeney e sua trupe para distribuir Subnautica sem custos na Epic Games Store, em 2019. Ao todo, a empresa gastou cerca de US$ 12 milhões para distribuir 38 games de graça na plataforma.
É grana pra caramba, mas a Epic consegue bancar os brindes com o dinheiro de Fortnite. E a estratégia, quando colocada na ponta do lápis, até que vale a pena. Graças aos jogos grátis, a empresa conseguiu cerca de 5 milhões de novos usuários para sua loja.
Segundo os cálculos, a companhia praticamente pagou US$ 2,37 por cada conta criada na Epic Games Store. Ou seja, se cada pessoa gastar umas 20 doletas em jogo na loja, a empresa já consegue recuperar o investimento.
Mesmo assim, não é fácil fazer a galera gastar grana na concorrente da Steam. Os picos de vendas na plataforma acontecem quando a empresa compra a exclusividade temporária de alguns jogos, e isso é caro pacas. Assegurar Borderlands 3 na Epic Store, por exemplo, custou nada menos que US$ 146 milhões. Devido aos gastos astronômicos, a estimativa é que a loja só comece a dar lucro lá por 2024.
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