Enquanto nós, meros mortais, estamos vivendo um mundo pandêmico, algumas pessoas ao redor do mundo já estão passando pelos últimos dias do ano jogando Cyberpunk 2077. Nesta segunda-feira, 7, as primeiras análises do game saíram e, para a surpresa de ninguém, o game da CD Projekt Red é impressionante, mas contém alguns bugs.
Os bons resultados, porém, não vieram sozinhos. A semana começou com discussões intensas sobre crunch por causa do RPG futurista e outros acontecimentos da indústria.
Cyberpunk 2077 está entre nós
O game de mundo aberto da CD Projekt Red estreou no agregador de avaliações Metacritic com nota 91. A edição do jogo que foi enviada antecipadamente é a de PC e muitas das análises reclamam sobre a presença de bugs. Considerando a amplitude do projeto, isso já era esperado e um patch com correções já está a caminho com nada menos que 40 GB de download.
Enquanto os bugs seriam um ótimo gancho para discutir trabalho, os debates sobre crunch começaram antes da queda do embargo das reviews do RPG futurista. Uma das brasas que acendeu a chama da treta foi um texto satírico do site Hard Times com o título: “Resenha: ‘Cyberpunk: 2077’ é um jogo perfeito, é o que devo dizer para garantir que os trabalhadores vítimas de abuso recebam seus bônus.”
Apesar do tom de brincadeira, o artigo discorre sobre a chegada do game, suas avaliações e os casos de crunch que foram denunciados e confirmados pela CD Projekt Red. A produção ainda brinca com o conceito de vincular notas de análises com bônus para os funcionários, o que aconteceu entre Bethesda e Obsidian na produção de Fallout New Vegas. Além disso, somos agraciados com um questionamento: vale a pena todo esse estresse e exaustão só para fazer um videogame dentro de um determinado prazo?
Assim como muitos gamers, estou ansioso para finalmente colocar as mãos no novo projeto dos criadores de The Witcher 3. Não vejo a hora de andar pelas ruas de Night City, editar as genitálias de V e dar uns rolês com a Judy. Porém, não podemos esquecer que até os melhores estúdios apostam cada vez mais em longas jornadas de trabalho para finalizar projetos megalomaníacos.
As indicações do Brazil Game Awards
Um exemplo de como o crunch está incrustado na indústria e acabou virando coisa do dia a dia está em grandes celebrações da indústria, como TGA 2020 e também no Brazil Game Awards. A premiação brasileira revelou seus indicados em 2020, que ajudei a escolher com o pessoal do Adrenaline, e algumas categorias mostram que não só os gamers, mas a mídia também acaba relevando o problema das péssimas condições de trabalho.
Você pode conferir todos os indicados ao Brazil Game Awards aqui, mas vale destacar a categoria de Melhor Estúdio. Apesar de não inclui a CD Projekt Red, a lista conta com concorrentes que tocariam o terror em um sindicato trabalhista
- Naugthy Dog (recebeu múltiplas acusações de crunch)
- Square Enix (teria pago funcionários com rifas)
- Ubisoft Montreal (recebeu acusações de assédio)
- Sucker Punch (relatos de má gerência)
- Supergiant Games (férias obrigatórias para os funcionários)
Dentre as grandes produtoras, apenas a Sucker Punch não possui em seu currículo alguma acusação grave (pelo menos eu não encontrei). Ainda assim, o estúdio também responde para acionistas e sofre com má gerência e com o “trabalho extra” que já virou padrão na indústria, segundo relatos publicados na plataforma de trabalho Glassdoor.
Com essa seleção de grandes nomes feita pela mídia e influenciadores brasileiros, apenas uma empresa se desloca entre os indicados ao prêmio de Melhor Estúdio quando o assunto é saúde mental no trabalho: a Supergiant
Paraíso sem crunch
Com as discussões sobre trabalho excessivo na indústria de games pegando fogo, alguém ressuscitou uma reportagem do site Kotaku falando sobre a Supergiant Games. O artigo revela detalhes sobre a operação do estúdio independente, que obriga os funcionários a…dar aquela relaxada de vez em quando.
Com uma equipe reduzida, o estúdio por trás de Hades obriga cada funcionário a ficar pelo menos 20 dias sem trabalhar anualmente, de acordo com os relatos do ano passado. O ritmo de produção também é diferente de um estúdio gigante e que trabalha em produções de mundo aberto e com gráficos realistas. Ainda assim, os jogos são ótimos.
Hades, que já apareceu por aqui, está batendo de frente com gigantes no The Game Awards desse ano e empatou com Last of Us e Ghost of Tsushima nas indicações no BGA 2020. E isso não é uma exceção: os jogos anteriores da empresa também foram bem recebidos pela crítica e são aclamados pelo público, em especial Transistor, que traz uma trilha sonora f#da pra caramba.
Porém, como mostram as indicações do Brazil Game Awards, o quadro geral nem sempre ganha importância nos eventos que celebram a indústria de games. Fica aqui a minha torcida para a Supergiant quebrar paradigmas e levar algumas estatuetas para casa nas premiações de dezembro.
Novas da semana
Além de termos reviews de Cyberpunk 2077, as primeiras informações sobre como o jogo anda rodando surgiram na web. O Tom’s Hardware fez uma série de testes com o game e deu uma ideia de como está a versão de PC.
Segundo os benchmarks, a GTX 1060 da galera vai passar um trabalho para rodar o game e aguentará Full HD com gráficos no médio. As coisas podem melhorar após o lançamento com o patch de correções que terá uns 40 GB, mas teremos que esperar dia 10 de dezembro para saber.
Exclusivos PlayStation lançados pela Xbox
A Sony lançou recentemente um vídeo apresentando futuros jogos do PlayStation 5 e revelou detalhes sobre a exclusividade temporária de alguns títulos nas letras miúdas. Apesar de ser uma empresa da Xbox, a Bethesda distribuirá Ghostwire Tokyo e Deathloop exclusivamente no PS5 por um ano. Os jogos também chegam no PC e já estão listados na Steam, mas ainda não está claro se vão chegar ao Game Pass para computadores.
O material de divulgação também revelou que o Project Athia, feito pela Square Enix, também será lançado para PC, mas contará com uma exclusividade nos consoles de pelo menos dois anos. Ou seja, os donos do Xbox terão que exercitar a paciência.
Warzone na Guerra Fria
A franquia Call of Duty está voando e, após alcançar US$ 3 bilhões em vendas em 2020, dará o próximo passo para tentar manter o sucesso em breve. A Activision vai liberar em 16 de dezembro a primeira temporada de conteúdos para Black Ops Cold War.
Além de expandir o multiplayer do jogo de tiro, a novidade vai integrar os conteúdos de Cold War e Warzone. Enquanto o gameplay permanecerá o mesmo, a chegada de novos passes de temporada garante sobrevida ao battle royale, que já possui 85 milhões de jogadores.
Fortnite
Falando em sobrevida, Fortnite aproveitou a chegada da nova geração de consoles para lançar uma temporada tão surpreendente que até eu dei uma chance para o game. A Epic Games abriu os novos conteúdos com um Season Pass com Mandalorian e Baby Yoda.
Logo em seguida, a empresa seguiu a temática de “caçadores” e apresentou uma skin de Kratos. Os Fortniteiros podem comprar e jogar com o protagonista de God of War em qualquer sistema, inclusive no Xbox.
Reza a lenda que até Master Chief pode dar as caras no crossover mais ambicioso de todos os tempos. Eu só vou ficar pistola se não rolar uma skin de Geralt de Rivia ou Ciri nessa Season de Fortnite. Afinal, estamos falando dos caçadores mais famosos dos games e que sempre estão viajando em portais.
Loading estreia na TV!
Na noite de segunda-feira, o canal de TV brasileiro Loading foi ao ar. A emissora transmite conteúdos de games e cultura pop ao vivo na televisão aberta e também por meio da internet. A plataforma conta com programas que cobrem o mundo dos jogos de uma maneira mais acessível e abrangente.
Você pode assistir ao Loading ao vivo por meio do site oficial da emissora e também direto na televisão, basta sintonizar o canal ou encontrá-lo em dispositivos de TV a cabo. A iniciativa ainda dá seus primeiros passos, mas tem potencial para impactar a vida de brasileiros que não vivem cercados de games na internet. Como pessoa que literalmente cresceu no meio do mato e se moldou assistindo MTV, torço para que a empreitada tenha muito sucesso!
Play Pass no Brasil
Para quem está em busca de mais uma assinatura, a Google lançou no Brasil o Play Pass. O serviço conta com 650 jogos e apps premium, com um modelo de negócio similar ao Apple Arcade e Game Pass.
Ao Pagar R$ 9,90 mensais ou R$ 89,90 por ano, o usuário pode baixar e utilizar todo o catálogo de apps, que inclui jogos maneiros como Stardew Valley. Além do preço não ser tão alto, o serviço pode ser compartilhada em até seis pessoas, o que deixa a assinatura bem acessível. Resta agora esperar para ver se o modelo de negócio deslancha no mundo do free-to-play que é a indústria mobile.
Classificados
- Leiam minha análise de Yakuza: Like a Dragon no Adrenaline. Ficou bem legal! Em breve teremos publicações sobre essa obra dos RPGs por aqui também. Fiquem ligados.
- O Xbox Game Pass recebeu muitas novidades interessantes agora em dezembro. Se você não vai pular em Cyberpunk, vale a pena dar uma conferida nas novidades do catálogo, que incluem DOOM Eternal no PC, Control nos consoles, Dragon Quest XI S e Haven em ambas as edições do serviço.
- Red Dead Online foi lançado de maneira standalone e agora pode ser comprado por valores na casa de R$ 28 no PC e consoles (necessita PS Plus e Xbox Live Gold). Se você quer ir pro velho oeste de maneira exclusivamente online com seus amigos, vale a pena conferir.
- The Witcher 1 está de graça no PC para quem baixar o GOG Galaxy, plataforma da CD Projekt Red que também garante 100% de lucro para a desenvolvedora na compra de Cyberpunk 2077. O jogo não é lá essas coisas, mas recomendo dar uma chance ao software, que consegue juntar todos os seus games de computador e consoles em uma única interface. É praticamente uma estante virtual de jogos.
- O jogo brasileiro Fursan al-Aqsa está concorrendo ao prêmio de Indie do Ano no site IndieDB e você pode votar no projeto. O jogo é feito para o PC e os consoles Xbox 360 e PS3 (isso mesmo!), que ainda são extremamente populares no Brasil.
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