A Twitch realizou uma grande mudança em sua plataforma recentemente e, a partir de agora, conta com preços de inscrições localizados para o Brasil. Com a novidade, os expectadores do serviço de vídeos podem dar “sub” em seus canais favoritos com valores a partir de R$ 7,90 por mês, consideravelmente menos que os R$ 22,99 praticados anteriormente.
Segundo a empresa, os novos preços, que podem ser vistos abaixo, foram concebidos com a ajuda de criadores de conteúdo e pesquisas. Após realizar testes no Brasil e em outros mercados, a empresa aposta que os criadores de conteúdo ganharão mais dinheiro a longo prazo.
Valores dos subs na Twitch
Tier 1 – era R$ 22,99 e agora custa R$ 7,90;
Tier 2 – era R$ 44,99 e agora custa R$ 15,99;
Tier 3 – era R$ 111,99 e agora R$ 39,99
Com os valores mais acessíveis, a Twitch espera que mais usuários utilizem os subs e, consequentemente, mais dinheiro seja repassado para os criadores de conteúdo. A teoria da empresa se mostrou certa com streamers de grande porte: Gaules, um dos maiores de seu segmento, bateu recorde de 50 mil inscrições pagas poucos dias após o anúncio da mudança. Mas e quem não possui quase 3 milhões de seguidores na plataforma, como vai lidar com a novidade?
Período de adaptação
Enquanto a mudança na Twitch é positiva para o público, que vai pagar menos em subs, e pode aumentar os ganhos de canais maiores, o cenário não é tão positivo para streamers de nicho. A redução de 66% no valor das inscrições pagas pode derrubar até um terço os ganhos de criadores de conteúdo — se antes a galera recebia cerca de R$ 10 com um sub de R$ 22,90, o valor agora cai para cerca de R$ 2,70 na inscrição paga de R$ 7,90.
Para garantir que o reajuste não vai matar canais menores, a Twitch implementou um programa de subsídios e criou um período de adaptação para manter a receita atual de criadores menores. Até o ano que vem, a empresa vai garantir uma espécie de renda base para os produtores de conteúdo, desde que alguns requisitos de horas transmitidas sejam cumpridos.
Mesmo com o auxílio da Twitch, a alteração do valor dos subs ainda pode gerar um grande impacto na rotina de canais de nicho, e alguns criadores de conteúdo já estão se preparando para essa revolução na plataforma de lives.
Como fica a vida do pequeno streamer?
Conhecido no Twitter por seus conteúdos sobre jogos de tiro em primeira pessoa e PC, o streamer Matheus Carpenedo vive de seu conteúdo atualmente. Porém, com a mudança realizada na Twitch, o criador de conteúdo não descarta a possibilidade de ter que arranjar outro emprego no ano que vem.
“É uma mudança positiva aos usuários, mas não necessariamente boa aos criadores, especialmente os de pequeno e médio porte”, aponta Carpenedo, que possui 2,3 mil seguidores na Twitch, além de 30 mil inscritos no YouTube. “Isso traz novos desafios de expansão e conversão, o que é complicado pra quem já possui um público estabelecido e não cresce muito além disso.”
Graças ao programa de apoio da Twitch, o criador de conteúdo especializado em FPS não vai precisar se preocupar com a mudança logo de cara, mas já vai realizar movimentos para tentar manter os seus ganhos na plataforma. “Eu estimo que, caso não consiga quadruplicar a média de subs por mês ou o equivalente em doações, minha renda cairá (mesmo com um crescimento no público e retenção, que podem não ser o suficiente)”, explica Carpenedo.
Para manter a carreira integral de streamer ativa, Carpenedo pretende realizar mudanças para tentar alcançar um público maior na Twitch. O criador de conteúdo acredita que esse possivelmente será um movimento seguido por muitos criadores, na tentativa de garantir presença na Twitch. “Acho até que muitos podem deixar a plataforma no médio/longo prazo, ou não transmitir mais profissionalmente”.
Piloto de mentirinha, contas de verdade
Com cerca de 5,6 mil inscritos na Twitch, o jornalista de games Igor Nápol é conhecido na internet como “Piloto de Mentirinha” e conta com um canal focado em jogos de corrida. Atualmente, o criador de conteúdo consegue viver de lives com a ajuda de seu público, mas a mudança certamente trará um impacto em sua renda como produção de conteúdo.
Nápol explica que seu canal trabalha com foco na taxa de conversão, que basicamente visa engajar um público menor e mais fiel a ajudar o projeto financeiramente, sem a necessidade de alcançar milhares de seguidores. Porém, a nova política da Twitch segue outro caminho e, em tese, deve beneficiar criadores com um grande alcance na plataforma.
Mesmo com a novidade dando vantagem para quem tem um público maior, Nápol disse que pretende manter sua produção de conteúdo atual, focando em um público específico e mais fiel. “Eu nunca vou deixar produzir conteúdo dos jogos que eu me sinto confortável e que eu quero jogar”, enfatiza. No entanto, o criador de conteúdo também vai incentivar o uso de formas alternativas de monetização para fugir dos subs da Twitch e manter sua renda. Afinal, os boletos e contas pra pagar não são “de mentirinha”.
Durante suas lives diárias, o Piloto de Mentirinha vai incentivar que o público realize doações ao invés de apoiar o canal com inscrições pagas da Twitch. Com as doações diretas, a Twitch não fica com parte do dinheiro cedido pelos fãs e todo o valor é repassado para o streamer.
Pedir ajuda é essencial
Criador do canal JoGANdo, o jornalista João Gabriel Nogueira também acredita que a mudança da Twitch deve prejudicar canais pequenos. De acordo com o criador de conteúdo, o impacto da alteração de valores em seu canal, que possui cerca de 1,7 mil seguidores, vai depender do nível de crescimento a longo prazo. Afinal, com os preços menores, a tendência é que mais subs cheguem se o número de seguires subir.
Focando em um conteúdo mais crítico, João GAN não pretende realizar mudanças em seu canal para tentar alcançar um público maior, mas vai adotar um novo comportamento durante as transmissões ao vivo a partir de agora. “Certamente vou ter que lembrar mais de pedir [subs]”, conta o criador de conteúdo.
“Eu não gosto de ficar pedindo, então sempre esqueço. Mas agora não pode esquecer, tem que frisar que tá barato e lembrar a galera que tem condições”. Enquanto não vive exclusivamente de conteúdo, GAN também não é 100% dependente da Twitch, o que deve amenizar o impacto da mudança. O jornalista conta com uma página no Patreon para receber doações e manter seu trabalho, que ainda inclui um canal no YouTube.
Qual a melhor forma de ajudar o streamer?
Enquanto cada streamer vai seguir seu próprio caminho para se adaptar ao novo cenário da Twitch, todos contam com um ponto em comum: o apoio do público para sobreviver. A inscrição mais barata na Twitch deve aumentar a quantidade de dinheiro chegando aos criadores de conteúdo, mas os “subs” nem sempre são a melhor forma de ajudar financeiramente.
Salvo raras exceções, como streamers que possuem centenas de seguidores, a divisão de valores das inscrições pagas não é tão justa e grande parte da grana fica com a Twitch. Para quem pretende apoiar diretamente na plataforma, a dica é utilizar Bits, que são mais baratos e podem render mais para o criador de conteúdo — a cada doação de 100 bits, que custam R$ 6,50, o streamer recebe 1 dólar (cerca de R$ 5,21 na cotação atual). Como mencionamos acima, o sub de R$ 7,90 normalmente rende cerca de 50 centavos de dólar, ou seja, metade do valor.
No entanto, a maneira mais simples e direta de ajudar seu criador de conteúdo favorito é via doações. Muitos streamers utilizam formas de pagamento como PIX e Paypal para receber dinheiro diretamente de seus fãs. Assim, sem a ausência de um intermediário, toda a grana, ou pelo menos grande parte, é destinada ao responsável pelo canal.
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