Os games são a maior indústria do entretenimento atualmente mas não é todo título que rompe as barreiras da “comunidade gamer” e se torna um fenômeno cultural. Um desses raros casos é Fortnite, que completa 5 anos hoje nesta segunda (26).
Lançado pela Epic Games em 26 de setembro de 2017, o jogo se tornou referência entre os games multiplayer e trouxe grandes mudanças para a indústria. Além de ser palco para shows gigantescos e até aparecer em um filme do Universo Cinematográfico da Marvel, Fortnite é um dos projetos que encabeça a tendência dos metaversos.
No entanto, alcançar esse sucesso não foi fácil. Podemos dizer que, ao estilo Juscelino Kubitschek, a Epic Games viveu 50 anos em 5: com uma estrada recheada de polêmicas e momentos icônicos, Fortnite moldou muitos dos padrões que vemos hoje na indústria dos games, e nós vamos relembrar alguns momentos dessa breve, mas marcante trajetória, incluindo o nascimento do game.
Como nasceu Fortnite
“Estaríamos mortos sem a Unreal Engine”, declarou o CEO da Epic Games, Tim Sweeney, em entrevista ao Polygon no ano de 2016. Na época, a empresa não contava com jogos de sucesso e vivia praticamente dos royalties de seu motor gráfico, utilizado em games de todos os portes.
A mais nova aposta da empresa para quebrar esse ciclo e finalmente despontar com um novo jogo era Fortnite, game anunciado ainda em 2011. Na época, o projeto era um multiplayer colaborativo de sobrevivência com mecânicas de construção.
Após anos de desenvolvimento, o projeto foi lançado em acesso antecipado pela Epic em julho de 2017, mas pouca gente deu bola para o game. O motivo? Na época, a galera dos jogos multiplayer estava na febre do battle royale, que era encabeçada por PUBG.
Feito na Unreal Engine, Playerunknown’s Battlegrounds nasceu como um mod e se tornou um jogo standalone de sucesso, mas com alguns problemas. Além de ser pesado para rodar no PC, o game era pago — o que não impediu o título de alcançar o topo de popularidade na Steam.
De olho no sucesso do gênero battle royale, a Epic Games foi rápida e criou um spin-off de seu jogo de sobrevivência para disputar nesse segmento, o que acabou dando vida ao Fortnite que conhecemos hoje.
Um battle royale feito em dois meses
Em 26 de setembro de 2017, A Epic lançou Fortnite: Battle Royale, um projeto apresentado pouco tempo antes pela empresa com um grande diferencial de PUBG: a distribuição gratuita. Além de ser free-to-play e leve de rodar, o game também reaproveitou praticamente tudo que estava presente no modo de sobrevivência “Salve o Mundo”, o que deu um frescor para o seu gameplay.
Com 100 jogadores por partida caindo do céu, o game trazia armas e mecânicas de construção em uma batalha com apenas um sobrevivente final. E no lançamento, o jogo era só isso: quem ganhava a partida era apenas transportado para o lobby com uma mensagem de parabéns.
Segundo um funcionário da Epic Games, a empresa estava tão interessada em competir com PUBG que o modo battle royale de Fortnite foi construído em apenas dois meses. A companhia montou uma “força-tarefa” logo após o lançamento do modo PvE, em julho de 2017, visando adaptar o game para o gênero de batalha real.
A ideia acabou dando certo, mas também gerou polêmicas para a empresa na época. Logo após o primeiro trailer de Fortnite: Battle Royale ser lançado, a Bluehole, que desenvolvia PUBG na época, acusou o projeto de plágio. O CEO da desenvolvedora asiática disse que o lançamento não parecia algo legal, uma vez que PUBG era, e ainda é, feito na Unreal Engine, que é controlada pela Epic.
A treta chegou a virar um processo, que veio a público em 2018, mas a dona de PUBG acabou encerrando a ação legal no mesmo ano.
Sucesso de Fortnite
Enquanto a versão de acesso antecipado de Fortnite: Battle Royale chegou rodeada e polêmicas e com muitas limitações, a Epic ganhou o coração de milhões de jogadores com a continuidade do projeto. Com um sistema de monetização cosmética, que chegou a influenciar grandes franquias como Call of Duty e Overwatch, Fortnite começou a receber muitas skins temáticas e crossovers de peso com filmes, séries e até outros games. De Goku até Neymar, você encontra muita gente na ilha em que as partidas acontecem.
O sucesso de Fortnite foi tanto que o game redefiniu muitos aspectos da indústria dos games. Junto com Minecraft, o battle royale praticamente obrigou a Sony a começar a aceitar crossplay entre consoles PlayStation e plataformas rivais.
Além disso, mais recentemente, o jogo também foi usado pela Epic Games para começar uma grande guerra judicial com a Apple. Fortnite é tão grande que a empresa resolveu utilizar o game para iniciar um movimento para que App Store e Google Play diminuíssem as taxas cobradas para desenvolvedores de apps.
Por causa disso, a disponibilidade do game nos iPhones ainda é um problema até hoje. Enquanto não é possível baixar o jogo diretamente no iOS, o game já funciona nos celulares da Apple, e qualquer dispositivo, por meio da nuvem. A parte boa é que a situação acabou rendendo frutos: tanto Google quanto Apple lançaram programas de redução de taxas após a treta judicial.
Com tanta história nos últimos cinco anos, resta agora aguardar para ver o que vem por aí no futuro de Fortnite. Será que o jogo vai sobreviver mais meia década? Conte o que você acha lá no Twitter do Jornal.