Desde que foi apresentado ao mundo, Outriders deixou bem claro que teria tudo para ser mais um jogo de tiro bem genérico. Desenvolvido pela galera da People Can Fly, que fez Gears of War: Judgement, o game é um dos raros shooters publicados pela Square Enix, que não tem muita cultura nesse segmento.
Quando vi os primeiros materiais de divulgação do game, esperava uma espécie de Ghost Recon Breakpoint com algumas mecânicas de Gears of War. No final das contas, felizmente, eu estava enganado. Em partes, pelo menos: Outriders me surpreendeu de maneira positiva quanto à história e gameplay, mas está longe de ser um jogo perfeito.
Apesar da casca que parece genérica, Outriders consegue entregar uma experiência divertida e com alguns momentos empolgantes, pelo menos até o ponto em que eu joguei durante minhas cerca de 20 horas de gameplay. É uma experiência que não é perfeita e certamente não vale os R$ 280 cobrados atualmente, mas que merece um espaço no armazenamento de quem assina o Xbox Game Pass, que recebeu o jogo no lançamento, e na lista de desejos dos jogadores do PlayStation e PC.
Carteirinha gamer
Game: Outriders
Plataformas jogadas: Xbox Series X e PC
Horas jogadas até o texto: 24h
O lançamento do game foi bastante problemático por causa de uma questionável conexão online obrigatória. No entanto, olhando para frente, é possível ver um projeto com bastante potencial de crescimento. E o melhor de tudo: Outriders não possui microtransações, o que deve garantir uma continuidade mais “limpa” para o game.
Se você deixou o jogo passar batido no seu radar, Outriders é um game de tiro e ação com mecânicas de loot and shoot. O que isso significa? Você vai explorar os cenários em busca de equipamentos para evoluir seu personagem, como acontece em títulos ao estilo de Destiny e o já mencionado Ghost Recon Breakpoint.
O game também conta com elementos de RPG e traz quatro classes principais para você escolher. Cada uma possui uma árvore de habilidades e poderes próprios, garantindo uma variedade a mais nos combates além do tradicional tiroteio com coberturas.
Classes de Outriders
- Technomancer: joga de longe e atua como suporte
- Pyromancer: médio alcance e ataques de fogo
- Trickster: ataca de perto com manipulação do tempo e teletransporte
- Devastator: a classe tanque e que é capaz de controlar a terra
Dúvidas comuns
- Dá pra jogar sozinho? Sim
- Exige conexão constante? Sim
- Possui crossplay? Sim, mas está desativado
- Possui progresso compartilhado? Não
- É mundo aberto? Não
As características de cada classe também incentivam o trabalho em grupo. Enquanto Outriders pode ser jogado integralmente no single-player, a experiência é otimizada para times de até três jogadores, que podem jogar e rejogar a história do game, missões secundárias e também aproveitar o modo de Expedições.
Um filme de ação da Netflix
Durante grande parte da minha jornada em Outriders, meus personagens desbravaram os confins do planeta Enoch sozinhos. Enquanto jogar com os amigos definitivamente agrega mais desafio e diversão para a experiência, o novo game da People Can Fly também é uma experiência interessante ao encarar a campanha totalmente no single-player.
Outriders conta a história de remanescentes da humanidade que foram para o planeta Enoch após a Terra ser destruída. O local era visto como uma salvação para a raça humana, mas uma misteriosa tempestade alienígena transformou o local em um ambiente hostil e com monstros mutantes. O resultado? O que era pra ser um novo paraíso acabou se tornando um pandemônio.
De maneira acelerada, Outriders te joga nesse universo e obriga a encarar um ambiente de guerra sem folgas. E você é um dos protagonistas nesse mundo, já que é um dos poucos felizardos que conseguiu sobreviver e ganhou poderes dentro de uma tempestade mortal do planeta.
A velocidade dos fatos pode não agradar alguns jogadores, mas o ritmo da narrativa acompanha o gameplay frenético e garante uma experiência interessante. Não espere nada acima da média, mas a narrativa de Outriders possui pontos que geram interesse e curiosidade, principalmente se você curte ficção científica.
Enquanto o enredo possui alguns momentos pastelões em suas 20 horas iniciais de jogo, vale ressaltar que a experiência também conta com pontos de imersão bem interessantes, como os combates em grande escala nos campos de batalha e as criaturas monstruosas. É como assistir um filme B de ação da Netflix: uma diversão rápida e sem muita profundidade, mas que tem seus momentos de brilho.
Gameplay divertido e imperfeito
Quando o assunto é gameplay, Outriders é bem simples. Independente da classe escolhida, o objetivo é cair pra cima dos inimigos combinando habilidades e tiros. O ritmo da jogabilidade garante sequências de tiroteio empolgantes, tanto com amigos quanto no single-player.
Assim como outros games do gênero, existe a chance de o gameplay cair na repetitividade se você não investir um tempo para dar upgrade nas habilidades e equipamentos. Felizmente, esse processo não é complicado em Outriders.
O game possui um sistema de coletar itens rapidamente e uma mecânica de modificar armas e equipamentos que garante bastante variedade para o gameplay. Enquanto as roupas podem receber skills que aprimoram as habilidades, as armas possuem mods que dão mais vida ou modificam os tiros, incluindo efeitos como queimar ou congelar inimigos.
O sistema de personalizar itens combina muito bem com a jogabilidade ofensiva de Outriders. Como os protagonistas são quase semideuses, você ganha vida ao matar os inimigos em todas as classes. O jogador tem mais possibilidades para customizar as formas de atacar, seja indo para cima ou adotando estratégias mais básicas.
O jogo também possui um sistema de dificuldade “personálizavel” e que estimula o jogador a mandar bala com graus de ameaça mais complexo: quanto maior o nível de dificuldade, melhores são as recompensas. No entanto, reduzir o grau de desafio para passar por um boss difícil, por exemplo, é algo que pode ser feito com bastante tranquilidade.
Nem tudo são Flores
Apesar de divertir, Outriders também deixa claro algumas deficiências em sua jogabilidade. O sistema de cover nem sempre atua como deveria e a movimentação é meio travada, o que pode acabar atrapalhando em certos combates mais intensos.
Além disso, o game deixa de lado algumas mecânicas que seriam interessantes no seu estilo de gameplay. Apesar de os poderes serem o grande foco, o jogador só possui um botão de ataque corporal, limitando o uso das forças sobrenaturais às habilidades de cada classe.
Outriders se vende como um jogo de ação frenética, mas também se beneficiaria de algumas mecânicas voltadas para movimentos furtivos. Classes como Trapaceiro certamente ficariam ainda mais interessantes com um sistema de stealth para surpreender inimigos desavisados.
Outro ponto que merece críticas no game é a conexão constante com os servidores da People Can Fly. Mesmo que você jogue totalmente sozinho, só é possível acessar o game conectado na internet. Para um jogo que é focado na campanha e pode ser aproveitado offline, a obrigatoriedade de conexão se torna um grande fardo, principalmente quando os servers do jogo estão fora do ar.
DLSS e Modo Foto no PC
Pra quem joga no computador, Outriders chegou apresentando alguns bugs e também engasgos bem chatos. A desenvolvedora já está trabalhando em consertos e, atualmente, o restante da edição de computadores está bem maneira.
O game conta com suporte para o DLSS da Nvidia, o que garante um belo upgrade de performance nas GPUs RTX. Até mesmo modelos como a RTX 2060 conseguem encarar o game em qualidade 4K e 60 quadros por segundo graças ao uso da tecnologia, enquanto placas mais antigas e produtos da AMD também estão conseguindo tirar um ótimo proveito do game.
Outro ponto que merece destaque e que quase passou despercebido por aqui é o Modo Foto Ansel, que está disponível em GPUs da Nvidia com o programa GeForce Experience. Além de servir como botão de pause, a função permite fazer capturas em alta qualidade e com diversos ângulos no game, aproveitando os efeitos visuais presentes nos poderes e o visual dos monstros.
Disponível no Game Pass de console
Aos donos de um Xbox, o grande destaque de Outriders é a chegada no Xbox Game Pass direto no lançamento. Enquanto o game está longe de valer os R$ 280 cobrados, baixar e jogar pela assinatura faz o custo-benefício valer a pena.
Além da distribuição barata, o game está rodando bem no Xbox Series X, uma das plataformas em que testei o jogo. O console mais potente da nova geração está segurando Outriders com tranquilidade em resolução 4K dinâmica e 60 quadros por segundo, garantindo um bom equilíbrio de visual e estabilidade.
Vale a pena jogar no Xbox pelo custo-benefício
O game não tira todo o proveito da função Quick Resume, que não te joga direto no gameplay por causa da conexão com os servidores. No entanto, a ferramenta quase sempre entra em ação para cortar os créditos iniciais, garantindo uma entrada mais rápida no jogo.
Tanto no PC quanto nos consoles da nova geração, Outriders também fica melhor com o uso de um SSD. O game não possui um mundo aberto e o jogador frequentemente precisa viajar pelo mapa, o que acontece mais rápido em um armazenamento veloz. A People Can Fly também pesou a mão nas cutscenes desnecessárias, como animações de abrir portas e escalar, e a velocidade do SSD ajuda a passar pelos inconvenientes de maneira mais rápida.
Vale a pena?
Após cerca de 20 horas de gameplay em OUtriders, tenho uma longa jornada pela frente no game, mas estou contente com o jogo até agora. Apesar dos problemas, o game possui um ritmo divertido e uma história mediana que se passa em um universo interessante e cheio de pontos que geram curiosidade.
A experiência está longe de valer os R$ 280 cobrados atualmente e só recomendo o download imediato para quem é assinante do Xbox Game Pass nos consoles. Se esse não é o seu caso, coloque o jogo na lista de desejos e espere uma promoção generosa. Enquanto isso, vale a pena dar uma chance para a demo gratuita, que pode ser jogada no PC, PlayStation e Xbox, e permite migrar o progresso para a versão completa.