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O Escudeiro Valente é um dos mais inventivos jogos dos últimos anos – Análise do Jornal dos Jogos

Repleto de diversão e criatividade, novo indie da Devolver Digital merece sua atenção! Confira a review completa

Sempre defendi os jogos indie como os bastiões da inovação e criatividade nos videogames. Isso não significa que os jogos AAA não tenham qualidade, mas o fator novidade e a liberdade criativa são mais evidentes nesses jogos de menor escopo, que muitas vezes surpreendem e redefinem o rumo da indústria de games. Nesse cenário, um título chamou muita atenção desde sua apresentação: O Escudeiro Valente, também conhecido como Plucky Squire.

Com os trailers divulgados antes do lançamento, já era possível perceber a qualidade que este jogo demonstra, tanto narrativamente quanto mecanicamente. Aliado a isso, também temos a criatividade latente do jogo, que se passa em um livro de conto de fadas, o que foi suficiente para colocar o título na lista de mais aguardados do ano de muita gente.

Com o lançamento próximo, a Devolver Digital liberou uma cópia do game para PC ao Jornal dos Jogos. Com isso, finalmente podemos responder: O Escudeiro Valente corresponde às expectativas que foram criadas? Vale a pena dar uma chance ao game? Eu, Ramon Félix, explico tudo agora na nossa review completa!

História e narrativa de ponta, e com dublagem!

Em uma aventura totalmente em português e dublada pelo excepcional Mauro Ramos (dublador do Pumba e uma das vozes do Shrek no Brasil), conhecemos a história de Pontinho e seus amigos, Batera e Violeta, no aprazível Reino de Mana. Tudo vai bem até que Enfezaldo, o vilão da história, descobre que todos vivem em um livro e que está fadado a ser eternamente derrotado. 

Para evitar esse destino, o mago malvado expulsa nosso protagonista do livro, e um novo mundo se abre diante de nós. Conforme a história avança, entendemos que Enfezaldo deseja mudar a trama do livro e moldar a narrativa para que ele seja o protagonista. 

O jogo incorpora esse conceito não apenas para nos conduzir de um ponto a outro, mas também interferindo diretamente na narração e no estilo artístico do jogo — uma excelente sacada que acontece no último terço da história. A trama é super engraçada e quebra a quarta parede várias vezes, com os personagens do livro interagindo conosco. O tom é leve e divertido, com piadas que arrancam boas risadas, como a transformação do nosso amigo Barbaluar em Barbaluar Monocromático, uma clara referência a “Gandalf, o Branco”, de O Senhor dos Anéis.

Quando somos expulsos do livro, um novo mundo se revela. Inicialmente perigoso, já que ficamos sem nossa companheira espada, mas logo conseguimos retornar ao livro e, a partir daí, transitamos entre os dois mundos até o final da aventura de Pontinho. 

Toda a mecânica de O Escudeiro Valente gira em torno dessa transição entre mundos. O design de níveis é todo baseado nisso, e quase todos os quebra-cabeças do jogo nos fazem trabalhar nesses dois universos. Como fazemos isso? Com ferramentas que nos permitem manipular o livro de forma física.

Os quebra-cabeças são muito bem elaborados e exigem diferentes habilidades, que se acumulam ao longo das quase 10 horas de gameplay. Por exemplo, os puzzles mais comuns envolvem reutilizar palavras de outras frases para criar passagens ou liberar o acesso a botões que permitem avançar. 

Às vezes, é necessário usar um portal para entrar no mundo 3D, acessar outro portal e alcançar um ponto da página que antes era inacessível. Também podemos transportar palavras ou objetos por esses portais, ampliando ainda mais as possibilidades.

Estilo artístico único

A arte de O Escudeiro Valente é um show à parte, brilhando intensamente. É incrível como o jogo alterna entre diferentes estilos artísticos, mudando o design dos personagens ou dos mundos em certas partes. O jogo abraça tanto a arte que possui uma cidade repleta de figuras famosas, como Van Gogh e a própria Monalisa. As ilustrações das páginas durante as cutscenes são lindas e dão vontade de ter aquele livro em mãos. Essa variedade visual não se aplica apenas ao protagonista Pontinho, mas também aos seus amigos, como Violeta e Batera, o que demonstra o carinho da desenvolvedora e diferencia o jogo de outros títulos 2D.

Mistura de gêneros

Além dos puzzles e da narrativa criativa, O Escudeiro Valente se destaca por incorporar elementos de combate e exploração de outros gêneros com extrema maestria. Desde batalhas em turnos, semelhantes aos JRPGs, até desafios ao estilo Candy Crush. Porém, o que mais me chamou a atenção foram os minigames de tiro, que remontam os shooters dos anos 80, e os fortes elementos de ritmo.

A mecânica rítmica de O Escudeiro Valente é muito interessante, similar ao que vimos recentemente em Hi-Fi Rush. Gosto de como ela foi implementada aqui, especialmente nas lutas contra chefes e em fases nas quais precisamos usar outro personagem para avançar. O mais interessante é que essa relação com a música está integrada à narrativa do jogo e não aparece apenas como um elemento de jogabilidade isolado. Uma grata surpresa.

Pequenos problemas

Apesar da alta qualidade técnica, O Escudeiro Valente apresenta alguns problemas com bugs, mas bem menos frequentes do que em outros jogos que joguei. Em casos mais graves, basta reiniciar o jogo para que tudo volte ao normal. No entanto, duas coisas me incomodaram: a ausência de salvamento manual e a batalha final anticlimática. 

A batalha final, que deveria ser o grande clímax do jogo, acaba sendo um conjunto de pequenos combates similares aos já enfrentados ao longo da história. Embora essas batalhas sejam divertidas individualmente, esperava algo novo para o desfecho da história de Pontinho.

Ainda assim, mesmo com o desfecho que poderia oferecer mais, esse sentimento acaba vindo justamente porque a narrativa foi recheada de surpresas durante toda a jornada. Ou seja, a caminhada foi tão ótima e intensa que o fechamento também poderia ter sido épico, mas foi apenas “muito bom”.

Vale a pena? 

Apesar de acompanhar um pequeno protagonista, O Escudeiro Valente é um grande jogo. Como mencionei no início, temos aqui um dos melhores títulos do ano e que, com certeza, merece sua atenção. 

Com uma narrativa divertida, bem escrita e que aproveita ao máximo os principais personagens, o jogo apresenta constantemente novas mecânicas e desafios, evitando qualquer traço de monotonia. O título também possui diversas opções de acessibilidade que permitem que crianças aproveitem toda essa jornada sem se frustrar, sendo uma ótima porta de entrada para os games.

Repleto de diversão, O Escudeiro Valente pode se tornar um dos seus jogos favoritos e marcar essa geração atual. Além disso, o título também é um grande exemplo para novos e antigos desenvolvedores, pois mostra como a criatividade é necessária na indústria atual de games.

O Escudeiro Valente chega no dia 17 de setembro no PC, Xbox Series S/X e PS5, com lançamento na PS Plus Extra e Deluxe.

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Por Ramon Félix

Entusiasta de games e alguns assuntos relacionados ao mundo da tecnologia.