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Call of Duty Vanguard: jogo certo, hora errada – Análise

Como esperado, Call of Duty Vanguard é um jogo caprichado, mas que acaba sendo dispensável na fase atual da franquia

40%. Essa é a porcentagem de vendas digitais que Call of Duty Vanguard perdeu em relação ao seu antecessor, Call of Duty Black Ops Cold War, no Reino Unido. A expressiva redução nas cópias comercializadas na região refletem algo que vemos globalmente: o descontentamento de muitos jogadores com a franquia da Activision.

Desde a chegada de Modern Warfare (2019) e Warzone, a série acabou entrando em uma zona de conforto. O gameplay atual possui uma fórmula que funciona muito bem, mas os jogos estão cada vez mais parecidos: é difícil dizer onde um dos games acaba e o outro começa.

Excelente, mas…

Após mais de uma semana jogando COD Vanguard, atestamos que o game é muito bom. A campanha tem um tom cinematográfico bem legal, seguindo os padrões COD de revisão histórica, e a jogabilidade é deliciosa. Diferente de seu antecessor, o novo jogo também aborda muito bem os personagens, fazendo com que você se importe com os combatentes e a história sem ter que apelar majoritariamente para a nostalgia.

Seguindo uma estrutura que até lembra Cold War, o jogo acompanha um grupo de soldados na vibe “Vingadores”. Em uma história bastante fantasiosa, o grupo batalha contra as forças alemãs no final da Segunda Guerra Mundial, em uma operação secreta. Diferente do antecessor, que mais parecia uma propaganda estadunidense, o novo jogo acerta com esse conceito, já que coloca o time para lutar em uma causa que faz sentido — acabar com a galera que pretendia continuar o trabalho de Hitler.

Com uma pegada bem cinematográfica e cheia de momentos imersivos, a campanha eleva os padrões de qualidade da franquia. O grande destaque fica para o desenvolvimento de Polina Petrova, uma das personagens que mais ganham destaque na história.

Para cumprir a cota de inovação, a empresa também trouxe mecânicas únicas para cada um dos personagens, como um “sexto sentido” que deixa o tempo mais lento e comandos de pelotões. No entanto, a variedade de gameplay dos protagonistas acaba nem ganhando muito espaço, uma vez que a campanha é bem curta e cada um ganha, em média, umas duas missões para atuar.

Redenção?

O jogo também impressiona na hora dos créditos: são muitos nomes. Após o sucesso de Warzone, a Activision direcionou todos os seus esforços para a franquia Call of Duty. E o fruto desse trabalho é delicioso, mas não cai muito longe do pé. Com isso, fica difícil recomendar um jogo de R$ 300 que parece uma extensão dos últimos títulos da Activision. Pelo menos esse é o prognóstico atual.

Ao que parece, Vanguard pode seguir o mesmo caminho de COD Infinite Warfare. O game futurista foi amplamente criticado em seu lançamento por mostrar a estagnação da série Call of Duty. Ainda assim, o título é muito bom e ganhou uma legião de fãs anos após seu lançamento, quando começou a aparecer em promoções.

Ironicamente, o jogo da vez a tomar o repúdio da comunidade se passa na Segunda Guerra Mundial, justamente o retorno que foi muito pedido por jogadores na época do lançamento de Infinite Warfare. Agora, os tempos mudaram, e talvez uma mudança de temática não seja suficiente para fazer a franquia voltar a vender bem.

Tiro na água

Com tantos serviços de games por aí, me admira que a Activision simplesmente não largou o osso das vendas convencionais para apostar em jogos mais modulares. Já imaginou poder comprar apenas o multiplayer de Call of Duty por um preço mais barato, ou jogá-lo gratuitamente, ao invés de levar o pacotão completo por R$ 300.

Ou então, que tal jogar qualquer campanha de Call of Duty em um serviço de assinatura de games, ao estilo Ubisoft+, focado nos jogos da franquia de guerra, e receber um desconto para comprar os outros conteúdos? Com um catálogo tão vasto de games de guerra, a Activision certamente poderia pensar em soluções mais amigáveis para o bolso dos usuários.

No entanto, ao que parece, estamos mais perto de termos uma (ainda maior) Fifização da franquia Call of Duty. A menos que uma grande mudança nos padrões da Activision aconteça, o que é bem difícil, os fãs possivelmente continuarão “comprando o mesmo jogo” anualmente.


A análise foi realizada em um Xbox Series X, com uma cópia do game cedida pela Activision Brasil. Em breve traremos mais opiniões acerca do multiplayer de Call of Duty Vanguard.

Por Mateus Mognon

Jornalista formado na UFSC e criador do Jornal dos Jogos, veículo que reúne as principais notícias de games com curadoria e aquele "jeito moleque" de escrever.