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Call of Duty Modern Warfare II (2022) – Análise da campanha

Com história curta, mas amplamente cinematográfica, remake de MWII equilibra nostalgia e novidades

A Activision adotou uma estratégia diferente, mas interessante, no lançamento de Call of Duty Modern Warfare II, o remake do clássico jogo da franquia de tiro. Enquanto o jogo completo chega no dia 28 de outubro, a campanha foi liberada com uma semana de antecedência para quem realizou a pré-compra do game.

Ou seja, a empresa finalmente resolveu compensar os fãs que costumam adquirir os jogos da série antes mesmo do lançamento — e que certamente nem precisam ler análises ou acompanhar conteúdos técnicos para já pular para a ação.

A estreia desse novo formato de distribuição já mostra que COD MWII vem para trazer mudanças. A expectativa é que o jogo quebre a monotonia da franquia, que atingiu o seu ápice com o lançamento de Vanguard, no ano passado. Além de continuar a história do aclamado remake de 2019, o jogo vem para se tornar a nova base da série de jogos.

https://www.youtube.com/watch?v=OeVapCrI1pY

Se você está interessado na história do jogo e ainda não está convencido das promessas da Infinity Ward, estamos aqui para dar uma força. O Jornal dos Jogos recebeu uma cópia de avaliação do game e já encerrou a campanha principal de COD MWII. Enquanto o multiplayer ainda não chega, confira abaixo nossa opinião sobre o modo história.

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Jogo: Call of Duty Modern Warfare II
Lançamento: 28/10
Plataforma de teste: Xbox Series X
Tempo de conclusão: 9 horas e meia

Preço: a partir de R$ 320 no Xbox

Legado de peso

Quando o assunto é história, Call of Duty Modern Warfare II chega com uma missão nada simples. O jogo é a sequência do MW de 2019, que possui uma campanha sólida e bastante memorável, com um elenco de peso e missões que geraram impacto.

Não obstante, o jogo também carrega o nome de Modern Warfare 2, o clássico game da saga que é favorito de muitos jogadores. O título também possui passagens que marcaram o imaginário gamer, incluindo a polêmica missão No Russian, que gera debates até hoje.

Mesmo com tanto legado em seu nome, o jogo conseguiu atender minhas expectativas — e deve agradar os fãs de Call of Duty com sua campanha recheada de ação e clichês militares. Com um elenco cativante e gameplay diversificado, Call of Duty Modern Warfare II é o jogo que melhor sintetiza a essência da franquia.

O retorno de Capitão Price e sua turma

Seguindo a história do jogo de 2019, o novo MWII possui o retorno de personagens icônicos, como Capitão Price e Gaz, mas equilibra a nostalgia com o frescor de novos personagens. Dando um novo direcionamento para a história, o jogo também inclui soldados como Alejandro Vargas, líder das forças mexicanas conhecidas como “Los Vaqueiros.”

Modern Warfare II equilibra nostalgia e novidade em sua campanha

O time de elite é reunido para encarar uma grande ameaça, que resume muito bem os “perigos” que assombram a franquia. Desta vez, um terrorista iraniano está trabalhando com russos e um cartel mexicano para bombardear os Estados Unidos. Ou seja, temos aqui um grande crossover de medos estadunidenses, com uma equipe internacional de soldados pronta para “salvar o mundo.”

A presença de personagens favoritos dos fãs e novos soldados garante um equilíbrio interessante para a campanha. Enquanto temos os clássicos temas da franquia, a chegada do núcleo mexicano garante uma abordagem interessante dos carteis de drogas. Para quem estava em busca de algo que fugisse dos clichês que dominaram campanhas como Cold War, a nova história certamente terá um frescor interessante.

Além do equilíbrio entre nostalgia e novidade, Call of Duty Modern Warfare 2 é praticamente um filme de ação de alto orçamento jogável. Com reviravoltas dignas de longa-metragens protagonizados por Tom Cruise e cia, o jogo conta com sequências memoráveis que, graças à câmera em primeira pessoa, garantem uma perspectiva cheia de imersão para o jogador.

Para quem é fã da franquia ou curte bastante ação em primeira pessoa, com certeza vale a pena dar uma chance para a história de COD MWII, ou simplesmente assistir tudo no YouTube como se fosse um filme.

O futuro da franquia

Enquanto a história se conclui muito bem durante a campanha, que não é muito longa, a Activision deixou algumas portas abertas para o futuro da saga Modern Warfare. Enquanto o jogo de 2019 terminou dando pistas sobre a Tark Force 141, o game da vez se encerra com referências a mais clássicos da série MW original.

Como o multiplayer acaba sendo o principal foco da franquia, ainda não está claro se os acenos para mais história são apenas um teaser para um futuro Modern Warfare 3 Remake ou de um DLC de história. No entanto, conhecendo a Activision, possivelmente só teremos novos desfechos para a saga de Price e seus parceiros daqui há alguns anos.

Valeria, uma das novas personagens introduzidas na história de COD: MWII

De qualquer forma, é interessante ver que a Infinity Ward está conseguindo expandir esse novo universo de Modern Warfare com maestria. Enquanto o jogo de 2019 ainda tem minha campanha favorita dessa nova saga, o game da vez conta com passagens memoráveis e que também merecem aclamação.

A criação de um novo núcleo mexicano de personagens, bem como o retorno de personagens como Farah, também mostra o comprometimento da franquia em ir para frente, não apenas olhar para o passado. Uma abordagem assim, que foge da simples reciclagem de narrativa, é ideal para justificar o lançamento de remakes e ajuda a compensar o alto preço que o jogo cobra.

Gameplay da campanha

Enquanto a história de Modern Warfare II não é tão impactante quanto seu antecessor de 2019, é interessante notar as evoluções no gameplay. Apesar de a história da campanha ser curta, o jogo conta com uma ampla variedade de missões para apresentar as mecânicas e funcionalidades que estarão presentes no multiplayer.

A jogabilidade na água, por exemplo, ganha um grande trecho de missão só para ela. No entanto, o destaque fica para algumas sequências de ação bem orquestradas, como a missão em que o jogador está em um avião em queda. Outro ponto bastante marcante é a missão que te coloca para controlar ataques aéreos, dando um panorama do poder destrutivo desse tipo de armamento.

Call of Duty MWII vai além do simples tiroteio em primeira pessoa

A abordagem globalizada da história também permite que o jogador visite diferentes cenários durante a jornada de Price e seus parceiros de equipe. De Amsterdã até a fronteira do México, o game traz belos cenários que podem ser explorados, incluindo alguns que são mais abertos, garantindo opções de exploração ao jogador.

Para quem curte stealth, Call of Duty MWII também possui algumas missões que trazem gameplay focado na furtividade, com armamentos improvisados. Em alguns casos, a jogabilidade silenciosa também é uma das opções disponíveis, dando mais liberdade para que o jogador faça suas escolhas de como abordar as lutas contra inimigos.

Os problemas na jogabilidade

Assim como no multiplayer, a campanha de Call of Duty Modern Warfare II possui uma movimentação mais cadenciada, que deixa o jogo mais tático. No entanto, em alguns casos, isso também deixa a jogabilidade mais truncada: o personagem corre como se estivesse com má vontade e, em algumas sequências que exigem pulo, os saltos podem apresentar falhas.

O gameplay com carros, adicionado em algumas missões, também poderia ser melhor. Enquanto a jogabilidade segue os padrões que já vimos em games como Warzone, sem grandes evoluções, a pior parte fica no som: os veículos ainda possuem bastante limitação em seu barulho, o que contrasta bastante como restante da sonoplastia do game.

Imersão e detalhes técnicos

A imersão trazida pela câmera em primeira pessoa também merece elogios. Para quem está jogando em uma televisão ou monitor maior, com os gráficos em alta qualidade, o jogo garante uma experiência bem cinematográfica. No entanto, a experiência visual certamente poderia ser melhor.

Amsterdã em COD MWII

Por aqui, testamos o game no Xbox Series X e o visual está muito bom, mas nada de outro mundo ou que grite “nova geração de consoles”. Em alguns casos, também pegamos artefatos de imagem, claramente ligados ao sistema de resolução dinâmica, mas nada que seja tão gritante ou incômodo. Como o jogo ainda está saindo no PS4 e Xbox One, talvez os estúdios da Activision não tenham conseguido soltar todo o potencial gráfico da franquia.

Na parte técnica, vale a pena mencionar que o jogo traz FidelityFX CAS, dando mais opções para o jogador personalizar a parte gráfica no console, bem como suporte para customização de campo de visão (FOV). Diferente da Blizzard com Overwatch 2, a Activision também implementou o uso de mouse e teclado no console, garantindo a possibilidade de jogo além do controle.

Vale a pena jogar a campanha de COD MWII?

Recheada de clichês militares, cenas de ação exageradas e tiroteios imersivos, a campanha de Modern Warfare II Remake sintetiza muito bem a essência de Call of Duty. Além de ganhar jogadores antigos com a nostalgia, o jogo expande o universo da saga com novos personagens e histórias, abrindo portas para uma sequência.

O gameplay bastante variado garante uma experiência cinematográfica para os jogadores. Enquanto o visual está bonito, o jogo claramente ainda não alcança todo o potencial que poderia ter, graficamente falando.

Para quem é fã da franquia e já está pensando em gastar os R$ 320 do jogo em breve, vale a pena aproveitar o período de pré-lançamento, antes do dia 28, pois a campanha já está liberada e também garante alguns brindes para o multiplayer.

No entanto, se você está com a grana curta e só está mesmo interessado na história de Call of Duty, algo que é bastante inconvencional nesses tempos de multiplayer, não precisa correr para comprar o game, pois a história é curta — mesmo que tenha um fator replay interessante. Se este é o seu caso, vale a pena conferir a história pelo YouTube e futuramente, durante uma promoção, aproveitar para jogar a campanha, que possui momentos bem legais de serem assistidos, mas ainda melhores com o controle na mão.

Por Mateus Mognon

Jornalista formado na UFSC e criador do Jornal dos Jogos, veículo que reúne as principais notícias de games com curadoria e aquele "jeito moleque" de escrever.